Por sugestão de uma amiga interessada em reunir o grupo e incentivar a leitura, criamos de forma bastante informal, um CLUBE DE LEITURA que está em plena atividade e já debate (outubro de 2011) seu quarto livro. Nossos encontros são mensais e  recheados de muitas discussões. Como não somos experts, muito menos críticos literários, debatemos os sentimentos que os livros nos proporcionam, o que tem se mostrado muito rico do ponto de vista do crescimento individual e da convivência coletiva fraterna.
         A criação deste Blog é para que registremos a trajetória do Clube. O nome TOSCANA, surge para homenagear  aquela região italiana que, após  uma viagem que fizemos ( entre 11 casais)  para visitá-la, em abril de 2011, ela ficou indelevelmente marcada nos nossos corações. Como a criação do CLUBE DE LEITURA,  decorreu da parceria desenvolvida naquela viagem, a continuidade  do convívio daquele grupo (hoje ampliado), também justifica a homenagem.
         Este  Blog, que é restrito às participantes do CLUBE DE LEITURA TOSCANA, poderá conter  toda espécie de comentários, sugestões e propostas referentes a livros (lidos ou não), filmes, músicas,  peças teatrais e/ou shows , sobre os quais queiramos compartir impressões.
Bem vindas amigas!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Resumo da Palestra de Orham Pamuk no Fronterias do Pensamento


Orham Pamuk e a confiança na imaginação

                 A saudação musical da noite de encerramento da quinta edição do Fronteiras do Pensamento ficou a cargo da pianista Simone Leitão, que preparou o público para a fala de Orhan Pamuk, escritor turco galardoado com o Nobel de Literatura. Pamuk iniciou dizendo-se honrado de estar em Porto Alegre e lembrando sua primeira visita ao Brasil, em 2006.
              Chamou a atenção do conferencista como no Brasil e em outros países emergentes há um enriquecimento que resulta na criação de novas classes médias. Ele anunciou sua conferência centrada no romance e nas relações que ele estabelece com esse novo mercado emergente. Revisitando o conceito de romance, examinando-o a partir de dois pontos de vista: o do escritor e o do leitor. São várias as operações que fazemos em nossa mente quando lemos ou escrevemos um romance. Nossa percepção trabalha atentamente, mas reage de forma semelhante ao motorista que dirige um carro sem perceber que está apertando botões e pedais.
           Pamuk lembrou que o filósofo espanhol Ortega y Gasset atribui o sucesso do romance à atmosfera que ele cria, à diferença de outros gêneros, como, por exemplo, o suspense, que busca desvelar quem é o assassino. “À medida que lemos o romance, a história surge lentamente por meio de objetos, ensaios, ilustrações, comentários, acontecimentos, momentos, fantasias, cenas. O romance é uma grande estrutura com todos esses elementos, e o romancista é quem os organiza”, disse. O romancista converte verbos em imagens e, por sua vez, o leitor lê as palavras e inventa imagens com a sua imaginação. “Ler um romance é algo muito ativo”, insistiu.
              Uma outra operação mental feita tanto pelo leitor quanto pelo escritor é se perguntar sobre quanto há naquela história de real e quanto de imaginação. “Eu publiquei na Turquia um romance intitulado O museu da inocência que diz respeito aos sentimentos de um homem apaixonado. Os leitores me perguntaram se o amor dele aconteceu comigo, se eu era aquela personagem, porque a descrição parecia muito real, com muito detalhe.” Segundo ele, o próprio autor, mesmo sabendo que sua obra seja ficção, se faz essa pergunta. “Quando me fazem essa pergunta, eu tenho duas respostas. A primeira é: não, eu não sou o personagem. A segunda é: o leitor tem todo o direito de me identificar com o personagem, é sinal que estou sendo muito convincente.” Pamuk disse, também, que o ofício de escritor ensinou-o a conviver com desejos contraditórios e com eles seguir escrevendo.
               Para o escritor, o romance funciona porque leitores e autores não concordam em relação ao que é ficção e realidade. De outro lado, o romance é uma boa solução para se expressar em países onde não há liberdade de expressão com o pretexto de não ser o escritor quem está falando, mas sim seus personagens. “Leitores confundem o autor com os personagens, podemos misturar isso tudo no nosso imaginário. Essa mistura é o que torna o romance tão poderoso. Ler um romance significa entender o mundo através de uma lógica não cartesiana”, destacou, e explicou como ele já olhou o mundo através dos olhos de um fundamentalista islâmico convicto, embora ele não concorde com esses valores.
                Uma outra questão que leitor e escritor partilham é a pergunta sobre o quanto o mundo do romance se ajusta ao mundo real.      Além disso, tendemos a emitir juízo moral e político sobre o comportamento dos personagens. “Trabalhamos intensamente para entender todo o universo do romance e chegar a seu centro secreto. Todos os detalhes que coletamos na nossa leitura nos levam a ele. Em romances bem construídos, tudo está conectado, formando uma atmosfera e apontando para o centro secreto do romance”, explicou. É esse centro que distingue o romance de outras narrativas. “Romances são ficções tridimensionais”, insistiu o conferencista, para quem o romance está longe de morrer, já que há cada vez mais leitores e mais escritores.
              A visão profunda da vida que o romancista quer expressar se desenvolve enquanto o romance é escrito. Romances têm a ver com as perguntas centrais: o que é a vida, quais são seus valores essenciais? Eles transcendem os sentidos nacionais e identitários. “Somos mais do que passado e tradição, somos cidadãos livres do mundo. Não deveríamos ser escravos de nossa história, de nossa identidade, deveríamos seguir a nossa imaginação. As nossas histórias são uma pequena parte de nossa identidade, o que importa é nossa imaginação”, defendeu com convicção Orhan Pamuk, atribuindo à sua confiança na imaginação a razão pela qual continua escrevendo romances.
               Encerrada a conferência, Pamuk respondeu às perguntas da plateia e de suas interlocutoras, as professoras da UFRGS Joana Bosak e Zilá Bernd.
                  Ele se referiu à polifonia de narradores presente em seus livros, mas afirmou que isso não tira o centro construído pelo autor no romance. “Os narradores entram como uma colagem na pintura dadaísta. Há muitas vozes, mas não significa que o leitor não leia buscando um centro e que há uma intenção central do autor. Se o centro fosse só um construto do leitor, poderíamos ler a lista telefônica e interpretá-la como um romance.”
                O conferencista se referiu a dois tipos de pessoas: ingênuos e sentimentais. Os melhores romancistas são tanto ingênuos quanto sentimentais. Administrar os dois lados faz parte da espiritualidade do escritor.
                Encerrando sua participação, o escritor disse que, se tivesse que escolher uma única obra de toda a literatura, escolheria Ana Karenina de Leon Tosltoi. “No meio do romance, Tolstoi ficou cansado e escreveu uma carta a um amigo dizendo que queria que alguém terminasse o romance para ele. É um romance em que cada frase é perfeita, entendo perfeitamente seu cansaço. Tolstoi é um talento fora de série”, disse o escritor, e acrescentou que Tolstoi tinha entendido o segredo de um romance: reescrevê-lo muitas vezes.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Mensagem da nossa Presidente

Amigas, a Andréa já conquistou o posto de redatora oficial do Clube. Apanhou com sensibilidade o clima da nossa última reunião do ano que acho,foi encerrado com  a sensação de conquista, afinal o Clube de Leitura Toscana EXISTE!
Para o próximo ano, vamos dar voos mais ousados...vamos exigir da nossa redatora e tb de outros membros do clube, (que se candidatarem, of course),  textos com análises e/ou comentários sobre os temas dos livros que lemos. Tudo a ser publicado no Blog.
Acho que ainda poderemos associar nas nossas reuniões, a discussão de algum filme, a ser escolhido no mês.
O livro votado para ser lido até janeiro foi O GRANDE GATSBY, de F.Scott Fitzgerald. Para as que quiserem aproveitar as férias, ainda foi indicado O QUARTO, de Emma Donoghue e tb. DIÁRIO DA QUEDA, de Michel Laub (livro que venceu o Prêmio Bravo/Bradesco deste ano).
A próxima reunião está em aberto, mas poderá ser convocada par após 15 de janeiro.
Meninas! Obrigada pelo interesse, compromisso e até pela seriedade com que estão levando o Clube!
Estou muito feliz, pois a cada reunião as discussões ficam mais interessantes!!
Beijos
Lidia

Registro Fotográfico de 22 de novembro