Por sugestão de uma amiga interessada em reunir o grupo e incentivar a leitura, criamos de forma bastante informal, um CLUBE DE LEITURA que está em plena atividade e já debate (outubro de 2011) seu quarto livro. Nossos encontros são mensais e  recheados de muitas discussões. Como não somos experts, muito menos críticos literários, debatemos os sentimentos que os livros nos proporcionam, o que tem se mostrado muito rico do ponto de vista do crescimento individual e da convivência coletiva fraterna.
         A criação deste Blog é para que registremos a trajetória do Clube. O nome TOSCANA, surge para homenagear  aquela região italiana que, após  uma viagem que fizemos ( entre 11 casais)  para visitá-la, em abril de 2011, ela ficou indelevelmente marcada nos nossos corações. Como a criação do CLUBE DE LEITURA,  decorreu da parceria desenvolvida naquela viagem, a continuidade  do convívio daquele grupo (hoje ampliado), também justifica a homenagem.
         Este  Blog, que é restrito às participantes do CLUBE DE LEITURA TOSCANA, poderá conter  toda espécie de comentários, sugestões e propostas referentes a livros (lidos ou não), filmes, músicas,  peças teatrais e/ou shows , sobre os quais queiramos compartir impressões.
Bem vindas amigas!

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Reunião de 25/09/2013- LIVRE

       O que acontece quando o que queremos não está a vista? Se queremos encontrar e não achamos, se queremos melhorar e não conseguimos...se, ao procurar por sentimentos, reações, respostas, nos damos conta que estamos atrás de nós mesmos. O que acontece? Cheryl Strayed, resolveu caminhar. E nos contou em Livre, como pode ser árdua esta caminhada. A menina de infância pobre, apegada a mãe, aos irmãos e ao padrasto, casada jovem por amor, se vê, aos 22 anos, sem coisa alguma. Degringola por quatro anos, completamente perdida e sem referências. Comete erros, perde laços, se perde, se droga, se dá e, de repente, resolve partir para a aventura da solidão, para encontrar ninguém mais que ela mesma, livre!


       O Hause Café Bistrô foi a nossa sede e, nesta reunião, além de debater o livro, festejávamos o aniversário da querida Karin. Fui incumbida de escolher o champagne, o vinho branco e o vinho tinto, pois todos os gostos deveriam ser satisfeitos. Sabíamos que a Titina e a Karen não viriam, mas aguardamos por um bom tempo a Arletinha pois ela havia prometido vir afiada para o debate. Infelizmente, nossa companheira não veio, e então começamos a analisar Cheryl.
       A primeira a falar foi a Lise que veio embasada e documentada com uma entrevista da autora para a Revista Viagem na qual ela conta que usou o sexo e as drogas como consolo na convivência com a dor. Aliás, na ausência da Titina para nos dar a biografia, Lisinha foi muito esclarecedora e estava super por dentro da vida pregressa e atual da escritora. Karin se identificou com a questão do cuidado à mãe no hospital, valorizando o fato de Cheryl não ter sido ajudada pelos irmãos num momento em que precisava tanto. Achou a história interessante, porém repetitiva e monótona. Evelyn, nossa sempre eficiente assessora para assuntos cibernético-virtuais, pulou trechos do livro, achou chato, mas valorizou a extrema coragem para enfrentar sozinha a aventura na Pacific Crest Trail. Lídia, não conseguiu enquadrar o gênero do livro e achou obsessiva a relação da protagonista com a mãe. Mas nossa Presidente se impressionou positivamente com o despreendimento da escritora ao enfrentar um processo de mudança e sua honestidade nas reflexões sobre o sexo e as drogas. 
Denise ressaltou o antagonismo da auto-destruição e do instinto de sobrevivência de Cheryl,  notou que no início da obra havia uma idealização das personagens e que, com o passar dos 1770km os defeitos começaram a aparecer. Nossa pequena notável chorou na passagem do lago transparente em que ela via os peixes , mas não conseguia pegar, simbolismo para a vida em que vemos claramente as pessoas, mas não as tornamos nossas, porque viemos ao mundo sós e iremos embora também sozinhos. Chegou a vez da Suzana e ela declarou ter achado o livro fraquinho, disse: - não chegou a ser penoso, mas não gostei, achei bobinho...  A Su gostou mesmo  das trilhas e da sua descrição , mas não viu toda a profundidade  analisada pela Denise. Ah! Segundo a Suzana, o livro deveria se chamar Sorte, pois só com muita , a pessoa passa por todos estes perigos ilesa e invicta!!! Cléo trouxe seu infindável caderno de anotações, e sentenciou a baixa auto-estima da Rainha da PCT, que saiu em peregrinação em busca do seu eu, mas começou muito frágil, com muitos medos. De acordo com a Cleozinha, quando se enfrenta o medo ele fica menor, e ela foi fazendo isto metaforicamente no decorrer do livro. Ainda falando da nossa artista, o momento mais tocante foi quando Cheryl volta ao hospital e encontra a mãe já morta. Vejam só, agora vem a Malu, nossa aventureira,  que comprou o livro no dia anterior,   achou muito fácil de ler, e definiu que, seguramente a autora deve ter usado a narrativa e comentários de um diário, por isso a aparente chatice e repetição. Malu, que nunca perde a oportunidade de dar uma sacada genial, salientou passagens do livro como a "vim para vencer o que fizeram a mim, vim para vencer a mim mesma"disse Cheryl Strayed enquanto buscava seu eixo antes de chegar a Cascade Locks e comer sua casquinha. Agora, nossa autora/personagem sabia que sua vida era como todas as vidas, misteriosa, irrevogável e sagrada.  Tão perto, tão presente, tão dela. E se sentiu livre deixando que seguisse seu rumo.
      Enquanto comíamos nosso  saboroso risoto de camarão e alho poró, propus que fizéssemos uma trilha. Todas se viraram com os olhinhos brilhando. Começamos a planejar, com certa dificuldade de datas, um final de semana para irmos a Gramado fazer a PCT do sítio. São cerca de três horas de caminhada, mas vamos acampar, passar fome, carregar monstras, fazer bolhas nos pés, comer frutas secas e as silvestres que encontrarmos e, fundamentalmente, não vamos tomar banho. Só assim poderemos entender um pouco do sacrifício feito pela autora. Ah! E se alguém quiser algo diferente disso, já pode ir colocando a caixa no correio torcendo pra que chegue com os 20 dólares dentro! 
      Descobrimos que a Malu não estava ainda no grupo do Whatsapp, então, sempre Evy, providenciou sua inserção. O livro decidido para a próxima reunião 23/10, na casa Froeder, foi:
Doce Gabito

        Só nos restava fazer festa pra Karin! Cantamos parabéns, e presenteamos nossa amigona com um KOBO. Para ela que viaja tanto, vai ser muito útil.  Comemos uma deliciosa torta de chocolate branco com frutas vermelhas e já que depois da PCT ficamos com fome... também pastéis de Santa Clara. Acho que por mais que o livro não tenha agradado 100 por cento a todas, ficamos com um sentimento forte de cumplicidade... Cherryl tinha a idade aproximada dos nossos filhos quando perdeu a mãe e sua mãe tinha uma idade parecida com a de algumas de nós. Ela escreveu o livro com a cabeça que talvez tenhamos hoje e mostrou com suas metáforas coisas cotidianas e palpáveis, que nós pensamos saber, mas nas quais seguidamente ainda tropeçamos...
Beijo a todas e até a nossa PCT

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

REUNIÃO DO DIA 28/08/2013 - A MUDANÇA




Todo mundo já ouviu a expressão "fazer do limão, uma limonada", no caso deste livro, do fruto murcho, fizemos uma deliciosa torta de limão!!! Nossa! Que crítica mordaz...O que fazer? A Mudança, do chinês Mo Yan, deixou muito a desejar. Talvez, porque pensássemos ter mas mãos uma pequena pérola do Prêmio Nobel de Literatura. Provavelmente, porque lemos a história quase biográfica, esperando por um final que desse sentido à sucessão de fatos meio sem graça da vida do autor. Certamente, porque depois de Hosseini, Mo nos deixou com a sensação de ter lido uma crônica alongada (definição da Karen), de uma história vista superficialmente, sem posicionamento e cujo fim, não trouxe satisfação ou surpresa.

Mas vamos a nossa deliciosa reunião, a torta! O cenário é a casa da Arletinha. Lindo arranjo floral para receber as amigas do Clube de Leitura Toscana, petiscos de ótimo gosto e bebidas na mesa de centro e convidadas relaxadas, ouvindo da Titina a apresentaçäo o autor. O chinês, cuja trajetória nós conhecemos um pouco através do livro, é representante do Realismo Fantástico, e comparado a Garcia Marques. Segundo nossa Presidente, contou, na vida de seu amigo He Zhiwu, personagem que era o alter ego do autor, a história da China nos últimos 50 anos. O que porém, não acontece é o peso do julgamento, da tomada de posição, tudo é muito sutil. Cléo disse que a obra não lhe acrescentou nada, Lise considerou sem sal, bobo, enquanto Denise - que estava dodói e portanto mais quieta- caracterizou como infantil, a narrativa de Mo Yan.

Diante de tanta insatisfação, surge dentro do grupo uma insurreição, encabeçada pela Evelyn, que lamenta não termos escolhido ler Clarice Lispector. Evy cita vários intelectuais que têem contos da autora na cabeceira e, ao mesmo tempo em que Cléo, Suzana e Titina, se animavam na contestação, nossa Lidinha intervém, lembrando que a escolha de "A Mudança" foi votada e, sendo assim, não era justo o questionamento. A Lispector e sua barata deveriam esperar...Agora era a vez de Mo e seu Gaz 51

Sempre aprimorando a receita da nossa torta, Suzana nos leu uma matéria da ZH com declarações do escritor José Castello, durante a Jornada de Literatura de Passo Fundo. O biógrafo, cronista, crítico e professor ressaltou a particularidade de autores como Guimarães Rosa, Clarice Lispector e José Saramago, que se tornam inconfundíveis por seus estilos totalmente singulares. Mas, segundo Castello, existe uma tendência de internacionalização da literatura brasileira, imposta pelos editores que interpretam a tendência do mercado que deseja um texto médio, leve, rápido, em resumo, mais vendável. Cléo aproveita a deixa e comenta matéria da Veja, onde Lobão declara que o mesmo vem acontecendo com a música .


Arlete levanta e volta a sentar continuamente. Está preocupada com as bebidas, com a mesa, com a cozinha...Porém ainda há tempo para que Titina nos lembre uma frase interessante do livro de Mo Yan, "...mudar de lugar pode ser ruim para as plantas , mas faz bem aos homens "- as mudanças .Ela também recordou a engraçada situação em que a bolinha de ping-pong de Lu Wenli foi parar na boca do professor Liu - as coincidências...Karen achou o máximo que Zhiwu escolheu casar-se com um mulher feia - as estratégias... Lise incomodou-se com a declaração de Lu Wenli : "O homem de mais de cinquenta está no seu auge, mas a mulher...vira uma bruxa velha" - as conclusões.
 O jantar foi servido! E que jantar... Estava maravilhoso! Não tivemos que votar o próximo livro, pois já estava definido "Livre" de Cheryl Strayed. Fizeram muita falta Karin, em New York, e Malu, na Jordânia. A Karinzita, inconsolável por não estar conosco! Passou todo o encontro mandando mensagens pelo whatsapp, no novíssimo grupo criado pela nossa consultora para assuntos cibernéticos, áudio e vídeo, a incansável Evelyn! Eu, como é possível identificar pelas fotos, estava ainda em recuperação do meu processo de aprimoramento visual...por isso peço também desculpas pela demora na postagem da ata, pois pela sensibilidade ocular, tive muita dificuldade em estar na frente do PC por mais de dez minutos. Foi preciso ir fazendo aos poucos...espero ter retratado bem nossos intensos momentos...

Ahhhhhh, falando em intensidade... Como posso definir os debates e assuntos que tivemos na mesa redonda de jantar da Arletinha? Acho que já que falei em torta até agora, o jantar e seu debate "very hot", foram a cerejinha que completou nossa noite. Voltamos pra casa leves, felizes. As mensagens iam e vinham, o sabor do encontro foi prolongado e, tenho certeza, está sendo sentido agora, quando encerro esta ata e me despeço:- até a próxima reunião dia 25 de setembro, na casa da Karin!



Beijo,

Andrea