REUNIÃO DE 9/12/2015 – A MORTE DO
PAI – Karl Ove Knausgärd
Nosso último encontro do ano
foi na Karen, estando presentes a anfitriã, Karin, Lidia, Lise, Suzana, Denise,
Evelyn, Arlete, Titina, Cléo e eu.
Como de hábito, iniciamos com
um bom bate-papo informal, matando as saudades da turma, bebericando espumante
e nos deliciando com as entradinhas deliciosas.
Dando início aos trabalhos,
Titina apresentou o autor, norueguês, residente atualmente na Suécia com a
família e 4 filhos. Comparado a Proust, seu primeiro livro FORA DO MUNDO,
editado em 1998, foi um grande sucesso de crítica e público na Noruega.
A MORTE DO PAI é o primeiro
de 6 romances que compõem a obra autobiográfica A MINHA LUTA. A família dele tentou impedir a edição, por
ser muito pessoal e autobiográfico.
O autor escreve sobre sua
infância e adolescência, as relações familiares com a mãe distante e,
sobretudo, com o pai difícil e cujo declínio no alcoolismo levou a família à
ruína. Perdas, alcoolismo, o difícil equilíbrio entre o amor de família e a
necessidade pessoal de escrever. Analisa, também, seus 39 anos de vida,
tentativas de se ajustar à rotina familiar em seu dia-a-dia prosaico com seus
filhos, fraldas e brigas, sua luta diária para se construir como escritor.
Passando ao debate do livro,
logo se tornou patente que o mesmo não agradou a maioria.
Críticas ferozes se seguiram,
numa tumultuada apresentação dos sentimentos negativos em relação ao autor e
sua trama.
Cleo achou tão ruim que foi
pesquisar sobre o autor para entender como foi premiado.. Muito raso, excesso de descrição…que o autor
enrola muito bem, faltando emoção no livro. Espera-se uma evolução na
narrativa, o que não acontece e gera frustração .
Lidia considerou o autor
pretencioso, visível já na escolha do título MEIN KAMPF, Minha Luta…Ele enxerga
a vida sem graça.
Karin, salientando não querer
ser agressiva, considerou o pior livro do Clube, não entendendo como foi
premiado. Ausência de afeto, sentimento, leitura desagradável e cansativa. Um desestímulo ao ato de leitura.
Eu, Malu, achei muito chato, páginas e páginas de
descrição minuciosa de coisas e fatos, o autor centrado nele mesmo. O suspense
único é do leitor que aguarda que algo aconteça…
Arlete já leu 2 livros dele e
vai ler o terceiro. Falou sobre a mania de limpeza, sua descrição em detalhes e
considerou uma metáfora de uma limpeza em sua própria vida, ritualístico. A realidade muito crua que apresenta, sem
poupar ninguém. A vida dele é sem graça, sem ação, o que se refletiu na trama.
Titina salientou que o jeito
dele contar, tão minuciosamente, deu uma densidade que não se esquece dos
detalhes, mesmo sendo uma leitura chata. Citou trechos de críticas abonadoras
do livro:
…e inacreditável, leio apenas 200 páginas do livro e já quero o segundo da série, como crack…o
projeto literário mais significativo
de nossos tempos…
e na ZH - saem ambos, autor e leitor, gratificados.
A turma criticou e não
concordou.
Lidia duvidou que tenha feito
sucesso no Clube ZH.
Malu sugeriu que se lesse
autores naturalistas e realistas brasileiros, ao menos com descrição de nossa
realidade.
Karen achou a narrativa
chata, muito longa e descritiva, mas
continuou tentando dar importância às
análises que o autor faz sobre o motivo de escrever, achando algumas
coisas interessantes.
Denise afirmou que, mesmo sem entusiasmo, não parou de ler um
minuto quando pegava. Nada acontecia…mas escreve muito bem.
Suzana afirmou que leu como
compromisso com o Clube, sem vontade, só meta.
Passando a uma análise, Lidia
iniciou sua apreciação do livro. Considerou que o autor relata a relação
conflituosa com o pai, não respeitando ordem
cronológica, indo da infância aos 40 anos. Aprisionado na vida familiar,
conta alguma história do pai, pouco explícita, mas culpa os filhos que impedem
que ele seja escritor como o pai fez com ele, repete a história.
Obsessão com a morte, do pai,
da avô, decadente com descrição horrível. Teme não somente a morte física, mas
a morte como escritor. Fala da razão para a gente querer se livrar dos mortos,
rápido, trancando no caixão.
PARA O CORACÃO A VIDA É
SIMPLES, ELE BATE ENQUANTO PUDER. E ENTÃO PÁRA
Difícil de ler, coloca no
mesmo grau de importância um fato trágico como a morte e coisas do dia a dia,
lavar louca, fazer chá. O livro é linear, todo no mesmo tom,, tudo temo mesmo
valor. 50 páginas para contar o
réveillon…não acontece nada.
Lidia acrescenta que o
autor, em certo momento, faz seu autorretrato –(p27)
Primeiro ele situa o lugar,
quem é, sua família, onde se encontra, fala que a vida social não traz nada..
NUNCA EXPRESSO O QUE
REALMENTE PENSO, O QUE REALMENTE QUERO DIZER, MAS SEMPRE CONCORDO MAIS OU MENOS
COM O QUE O INTERLOCUTOR DIZ…EXCETO QUANDO BEBO…PORISSO PAREI DE BEBER. NÃO
QUERO QUE SE APROXIMEM DE MIM, NÃO QUERO QUE ME VEJAM . É ASSIM QUE AS COISAS
TÊM SIDO, NINGUÉM SE APROXIMA, NINGUÉM VÊ.
Cleo comenta a parte em que
fala sobre o que os quadros representam, sobre a literatura …tudo deve se
sujeitar à forma…
Malu acha que ele poderia ser
um professor bom, melhor que escritor.
Titina remete à parte em que
ele fala da rejeição que sofreu dos avós, que pediram para ele não ir tanto à
casa deles.
MEU MODO DE SER, COMO ME
APROXIMAVA …AGORA COMPREENDO, O QUE NÃO CONSEGUI NA ÉPOCA, A PROXIMIDADE ERA
ALGO QUE EU BUSCAVA, NÃO ELES…
Depois de mais alguns trechos
discutidos, passamos à distribuição dos livros presentes de amiga secreta.
Fotos com seus livros, como segue:
Mesa lindamente decorada com
porcelanas da produção própria da nossa anfitriã. Alegria para nossos olhos e
emoção pelo carinho no nosso encontro natalino.
Salada de verdes com pera,
seguida de um risoto perfeito de camarão. E uma sobremesa com sorvete para
adoçar a vida.
Na saída, mimos de porcelana.
E muitos desejos de um Natal excelente e um 2016 de muitas alegrias.
Muita sintonia, muita harmonia,
como disse a Cleo mais tarde em nossas mensagens, onde todas agradecemos a
Karen pelo belo acolhimento.
Malu