Não era por falta de amor pelo Clube, ao contrário, era justamente pelo tempo que fiquei sem registrar, que já pensava como seria difícil me concentrar e fazer uma ata. Além disso, não havia gostado do livro, e isto faria tudo ainda mais difícil. Mas pareceu natural quando me deram a tarefa, e sucumbi, sem resistência.
Admiro a objetividade com que a Titina consegue contar o que se passou e ainda fazer um resumo do livro e contar algo sobre o autor, mas isso não é pra mim. Eu sou dos floreios, das observações e, principalmente, das opiniões, não consigo me abster. Impossível! Num livro como este - A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro - e talvez por isso a Cleozinha estivesse tão animada, é proibido ficar sem posição.
A Denise nos recebeu com o costumeiro carinho, cuidando de todos os detalhes e oferecendo especialidades da cozinha árabe, que todas adoraram. Tinha muito vinho mas, com a maioria de nós doentes ou tomando antibiótico, a bebida não saiu muito. Karen e Malu não vieram, e a Titina, esta é a razão de eu estar fazendo a ata, ficou presa no trabalho e só conseguiu chegar quando a discussão já estava em andamento.
Bom, voltemos ao debate. A Lídia, de inìcio, já pediu que evitássemos julgamentos. Mas a Denise, eu, a Lise, a Suzana por um motivo ou por outro, não tivemos uma experiência agradável com a leitura. A Denise realmente odiou, disse que não aprendeu nem tirou proveito algum. Lise e Suzana concordaram em discordar da insistência da personagem em se achar a voz de Deus. Eu não conseguia desligar a leitura dos possíveis maus cheiros e li com nojo o livro quase inteiro. Karinzita achou bem escrito, porém forte nas descrições de sexo grupal.
Titina fez poucos comentários, mas concluiu que CLB só pensava em sexo, já a Evy disse ter gostado dessa loucura e declarou: ela é amoral, não imoral! Talvez a Evelyn tenha conseguido ver a obra da maneira certa, na opinião da Cléo, como uma metáfora. Aliás, a Cleozinha foi defensora obstinada e encontrou uma relação comparativa do escrito com um desfile de alta costura, onde se vêem coisas que não são usadas no dia a dia, mas que mostram pontos, referências, idéias... Lídia gostou da comparação e acrescentou que quando não há culpa, não há preconceito e consequentemente, não há perda.
A disputa entre as gostei e não gostei, encabeçadas pela Cléo e pela Denise, respectivamente, rendeu um bate boca de alto nível entre as duas companheiras, apoiadas por suas suporters. Foi animado! As sobremesas deliciosas
atenuaram os ânimos e conseguimos até escolher os próximos livros, mesmo que em tensa votação... ficou definido:
Querida Kombini de Sayaka Murata, indicação da Titina, para julho.
A Menina da Montanha de Tara Westover, sugestão da Lídia, para agosto.
Meninas! Até a próxima!
Bjos
Andrea