Por sugestão de uma amiga interessada em reunir o grupo e incentivar a leitura, criamos de forma bastante informal, um CLUBE DE LEITURA que está em plena atividade e já debate (outubro de 2011) seu quarto livro. Nossos encontros são mensais e  recheados de muitas discussões. Como não somos experts, muito menos críticos literários, debatemos os sentimentos que os livros nos proporcionam, o que tem se mostrado muito rico do ponto de vista do crescimento individual e da convivência coletiva fraterna.
         A criação deste Blog é para que registremos a trajetória do Clube. O nome TOSCANA, surge para homenagear  aquela região italiana que, após  uma viagem que fizemos ( entre 11 casais)  para visitá-la, em abril de 2011, ela ficou indelevelmente marcada nos nossos corações. Como a criação do CLUBE DE LEITURA,  decorreu da parceria desenvolvida naquela viagem, a continuidade  do convívio daquele grupo (hoje ampliado), também justifica a homenagem.
         Este  Blog, que é restrito às participantes do CLUBE DE LEITURA TOSCANA, poderá conter  toda espécie de comentários, sugestões e propostas referentes a livros (lidos ou não), filmes, músicas,  peças teatrais e/ou shows , sobre os quais queiramos compartir impressões.
Bem vindas amigas!

domingo, 26 de novembro de 2023

É a Ales, de Jon Fosse


 Ata de nossa reunião de 07 de novembro de 2023






Hora: 19h 

Lugar: Pot. Pourry Pizzaria, na R. Pedro Chaves Barcelos, 845

Livro:  É a Ales, de Jon Fosse


Nosso encontro se deu novamente nessa pizzaria no bairro Bela Vista. Segundo sua própria descrição, trata-se de uma pizzaria intimista e requintada com terraço ajardinado convidativo serve pizzas especiais e opções apuradas.  Ficamos em uma mesa na primeira sala, à direita, em um espaço mais reservado, que permite a realização da nossa ruidosa reunião.


Compareceram ao encontro 6 (seis) integrantes do clube: Evelyn, Karin, Lídia, Lise, Suzana e Titina. 


Iniciou-se a reunião como sempre com conversas das amigas sobre assuntos gerias, tiramos a tradicional fotografia do grupo, e escolhemos o vinho, um rosé francês, e queijo coalho assado e casquinhas de massa de pizza com molhinhos de aperitivo. 


A seguir, falei sobre o autor, Jon Fosse, que ganhou este ano o prêmio Nobel de literatura, o que não surpreendeu a comunidade literária. Jon Fosse tem 64 anos, nasceu em 1959, na Noruega. O escritor transita por diversos gêneros: romance, poesia, conto, ensaio, literatura infantil e teatro — com mais de quarenta peças encenadas em cinquenta idiomas —, além de traduzir literatura estrangeira para o norueguês.  Ficou conhecido nos anos 90 pelas suas peças, sendo um dos dramaturgos mais encenados na Europa, conhecido como o “novo Ibsen”. Seu prestígio nacional é tal que o governo norueguês concedeu a ele uma bolsa vitalícia e um escritório para trabalhar no edifício anexo ao Palácio Real, em Oslo. 


No prosseguimento, a Lidia trouxe sua apreciação do livro. O romance abala a noção de tempo e elabora o absurdo do luto.  O livro fala sobre incertezas, dor do luto.  Signe mora com o marido Asle em uma antiga casa da família dele, perto de um fiorde, no interior da Noruega.  Asle um dia vai passear de barco, como fazia com frequência, e não volta.  A cada ano, cerca de 30 pessoas desaparecem no mar na Noruega.  Embora esse número possa parecer insignificante, tratando-se de um país pouco populoso (5.400.000 habitantes) o número impressiona, e inspira diversas obras.  O próprio Fosse já havia incursionado pelo tema na peça “Um Dia no Verão”. Voltando ao livro, embora tenham se passados mais de vinte anos de seu desaparecimento, Signe o espera todos os dias.  A narração foca Signe, idosa, retroagindo ao acontecido, a ela e a Asle, no dia do desaparecimento. Seus fantasmas, jovens, vão vendo outros fantasmas, que são pessoas de diferentes gerações da família de Asle, que habitaram a casa em outros tempos.  A narrativa brinca com a linha do tempo, de forma permanente, confundindo o leitor, indo e voltando no tempo.  O autor tenta reproduzir os pensamentos de um jeito mais fiel à desorganização natural de nossa mente.  A narrativa retrata um convício de muitos anos, monótono, sem diálogos, sempre frio, mas também sem atritos. Para Signe, contemplar o fiorde da janela de casa é um modo de se manter conectada a um passado que não passa.  Asle também era atraído pela paisagem, mas como uma promessa de evasão apenas sugerida, contudo, que resiste a uma interpretação definitiva. Talvez navegar no seu pequeno barco em dias de mau tempo fosse um modo de se afastar de seu pequeno mundo e deixar a casa onde a família, por gerações, sempre viveu.  A prosa de Fosse produz uma espiral que hipnotiza, os mortos são ausências sempre presentes, coabitando os espaços de onde não se pode sair, nem entrar. Fosse procura mostrar que dentro de uma morte há sempre várias outras perdas, abrindo espaço para uma reflexão sobre a permanência dos afetos e o lento, discreto, e absurdo movimento do luto.


Ninguém gostou do livro! Hahaha.  Ou, se gostaram foi muito pouco, mas o fato é que, debatendo, lendo a crítica, analisando o conteúdo e a forma da escrita, ao fim da reunião se gostou mais do livro do que antes.  Rendeu, surpreendentemente, um bom debate. 


Finda a apreciação da obra, jantamos pizzas deliciosas e por fim pizza doce de sobremesa.  Discutiu-se, novamente, a guerra, as dificuldades para viajar atualmente e no futuro, e outros vários assuntos.  


Por fim, foi escolhido o livro ‘A Ridícula Ideia de Não Mais Te Ver” de Rosa Montero, com reunião marcada para o dia 13 de dezembro, no Ratskeller, que a Karin se prontificou a reservar. 


Bjo a todas, Titina.