Hora: 19h
Lugar: Restaurante Benjamin Osteria Moderna, Edifício João Benjamin Zaffari, na Av. Carlos Gomes, 400 - Térreo
Livro “Em Agosto Nos Vemos”, livro póstumo de Gabriel Garcia Marques, falecido em 2014, organizado pelos seus filhos, Rodrigo e Gonzalo. O romance foi lançado recentemente, no dia 06 de março, data em que o escritor completaria 97 anos.
Na reunião de março ficou marcada essa reunião para o dia 23/04 no Bodega Maria. Ao longo do mês de abril, contudo, a Suzana, considerando que a reunião seria no dia de seu aniversário, convidou todas as integrantes do Clube para jantar no Restaurante Benjamin, o que foi aceito com muita alegria por todas.
Compareceram ao encontro 10 (dez) integrantes do clube: Cleo, Denise, Evelyn, Karen, Karin, Lídia, Lise, Malu, Suzana e Titina.
Tratando-se o escritor de Gabriel Garcia Marques, colombiano, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, difusor do realismo mágico, e bastante conhecido por todas, não fiz a tradicional apresentação, por se mostrar desnecessária.
A Lídia iniciou os comentários, referindo de início que o autor fez 5 versões do livro, no período de 2003 a 2004, deu seu aceite para a última, mas disse certa vez que gostaria de ver o texto queimado, demonstrando que não era do seu agrado. O amor é o eixo do livro. A personagem principal, Ana Magdalena, é uma mulher, o que é inédito para os textos de Gabo, mãe de dois filhos, casada há muitos anos, que vive um relacionamento morno e longo com seu marido, um músico. Ela não é identificada de início, mas ao longo da narrativa. Ana Magdalena faz idas e vindas anuais a uma ilha caribenha, sempre no dia 16 de agosto, para levar gladíolos (Palma de Santa Rita) para o túmulo de sua mãe. Aos 46 anos, o seu roteiro na ilha sofre uma mudança marcante: ela se relaciona com um homem em uma noite de aventura. E, a partir de então, nessas viagens, começa a ter encontros sexuais com homens que encontra na ilha, depois de visitar o túmulo de sua mãe. Na última visita narrada no livro, contudo, ela toma conhecimento de um lado da vida de sua mãe que desconhecia por completo. Na visita ao túmulo, encontra flores murchas cobrindo-o. Surpresa, fala com o zelador, que afirma terem sido colocadas pelo “senhor de sempre”. Esse visitante, que chegava em qualquer dia do ano deixava o túmulo coberto de flores. Com essa informação do zelador Ana Magdalena descobre os segredos das frequentes viagens da mãe a ilha nos seus últimos seis anos de vida, sob o pretexto de cuidar de um negócio próprio. Conclui que a razão de sua mãe poderia ser a sua razão, espantando-se com a coincidência. Era a sua vida dando continuidade a de sua mãe morta. Em apertada síntese, esse o livro. A diferença é que a mãe da personagem teria mantido, é de se concluir, um relacionamento amoroso com esse senhor, enquanto que a filha tinha encontros meramente sexuais, com variados parceiros, sem envolvimento emocional.
No geral, o livro não foi muito apreciado pelas integrantes do Clube. E, de fato, embora agradável, a leitura não impressiona. A narrativa agradou, a forma da escrita, irretocável, mas a personagem não teve a sua personalidade aprofundada, não se consegue saber como ela era, seus gostos e hábitos, apenas superficialmente descritos. Não está no nível das grandes obras do autor. O final do romance foi questionado, por não haver uma explicação lógica para a personagem tirar as cinzas de sua mãe da ilha, contrariando o pedido por ela feito antes de morrer. Gabriel Garcia Marques não queria publicar o livro, talvez consciente de que não estivesse a altura de suas demais obras, mas seus filhos, após a sua morte, o fizeram.
Foi comentada a briga de Gabriel Garcia Marques e Mario Vargas Llosa, dois expoentes da literatura da América do Sul, ambos ganhadores do Prêmio Nobel. Eram amigos, desde 1967, mas brigaram em 1976, no México, quando Vargas Llosa deu um soco no rosto de seu então amigo na frente de testemunhas. Uma das explicações cogitadas para a agressão seria a de que no período em que os dois casais viviam em Paris, García Márquez e sua mulher teriam tentado mediar os distúrbios conjugais entre Vargas Llosa e sua esposa, Patricia, ouvindo suas confidências. Embora o motivo da briga nunca tenha sido esclarecido, e os escritores tenham sido sempre reservados a respeito, há indícios de que decorresse de ciúmes de Vargas Llosa, que segundo fontes, teria dito a Gabriel, quando do confronto, "isso é pelo que você disse a Patricia" ou "isso é pelo que você fez a Patricia". Os autores nunca se reconciliaram, embora se elogiassem publicamente, e lessem os livros um do outro. Após a morte de García Márquez, Vargas Llosa falou à emissora de TV peruana Canal N. “Morreu um grande escritor cujas obras deram grande difusão e prestígio à literatura de nossa língua. Seus livros o sobreviverão, continuarão a ganhar leitores. Envio meus pêsames a sua família",
Enquanto debatíamos, comemos um couvert, de pãezinhos com pastas. Fizemos os pedidos, sendo que oito integrantes pediram brizolis de camarão, que estava muito bom! Tomamos vinho branco e, de sobremesa, bolo de amêndoas. Tudo delicioso. E, embora a ideia fosse liberar a aniversariante do pagamento, resultou que ela insistiu que fazia o convite a todas, assumindo a despesa. Foi um ótimo jantar de aniversário! As integrantes do Clube agradeceram muito nossa gentil aniversariante anfitriã.
Tiramos muitas fotos, que ficaram lindas! Em especial pela assessoria técnica da Malu, que orientou quanto à luz, fundo, profundidade.
Por fim, foi escolhido o livro “Uma Confissão”, de Tolstói e marcada a reunião para o dia 28/05, uma terça-feira.
Nesse ínterim, contudo, na primeira semana de maio, a cidade e o Estado do Rio Grande do Sul sofreram uma enchente de imensas proporções, que causou muitas mortes e destruição, desalojou milhares de gaúchos, derrubou estradas e pontes, alagou o aeroporto, que foi fechado por meses (ainda não se sabe até quando) o que acabou por acarretar o adiamento da reunião, cuja nova data ainda não foi marcada. O livro, informam as que já o leram ou iniciaram a leitura, embora pequeno é muito pesado, e as integrantes do Clube não estão com disposição, ainda, de enfrentar leituras tão densas, dados os problemas que vem enfrentando ou presenciando em razão da enchente, as atividades benemerentes em que estão se envolvendo, a falta inicial de luz, por alguns dias e de água, em bairros centrais por semanas. Tudo atingiu o ânimo das leitoras, então o adiamento proposto pela nossa Presidente foi acatado quase que unanimemente.
Assim sendo, vamos aguardar dias melhores e as diretrizes de nossa presidente para então marcar nossa próxima reunião.
Beijo às amigas, cuidem-se, e até lá, Titina.