Por sugestão de uma amiga interessada em reunir o grupo e incentivar a leitura, criamos de forma bastante informal, um CLUBE DE LEITURA que está em plena atividade e já debate (outubro de 2011) seu quarto livro. Nossos encontros são mensais e  recheados de muitas discussões. Como não somos experts, muito menos críticos literários, debatemos os sentimentos que os livros nos proporcionam, o que tem se mostrado muito rico do ponto de vista do crescimento individual e da convivência coletiva fraterna.
         A criação deste Blog é para que registremos a trajetória do Clube. O nome TOSCANA, surge para homenagear  aquela região italiana que, após  uma viagem que fizemos ( entre 11 casais)  para visitá-la, em abril de 2011, ela ficou indelevelmente marcada nos nossos corações. Como a criação do CLUBE DE LEITURA,  decorreu da parceria desenvolvida naquela viagem, a continuidade  do convívio daquele grupo (hoje ampliado), também justifica a homenagem.
         Este  Blog, que é restrito às participantes do CLUBE DE LEITURA TOSCANA, poderá conter  toda espécie de comentários, sugestões e propostas referentes a livros (lidos ou não), filmes, músicas,  peças teatrais e/ou shows , sobre os quais queiramos compartir impressões.
Bem vindas amigas!

sábado, 13 de julho de 2024

Uma Confissão - Leon Tolstói


Ata de nossa reunião de 26 de junho de 2024

Hora: 19h 

Lugar: Restaurante Benjamin Osteria Moderna, Edifício João Benjamin Zaffari, na Av. Carlos Gomes, 400 - Térreo

Livro “Uma Confissão”, de Tolstói.

Compareceram ao encontro, em uma noite chuvosa de início de inverno, 8 (oito) integrantes do clube: Cleo, Denise, Evelyn, Karen, Lídia, Lise, Suzana e Titina. 

Enquanto degustávamos burrata e pães, conversamos sobre vários assuntos, vida e morte em especial, talvez movidas pela temática do livro recentemente lido.

O livro é muito bonito com um corte de bordas vermelhas, muito elogiado pela sua apresentação.

A seguir, falei sobre o autor, Liev Tolstói, também conhecido como Leo Tolstói, escritor russo, grande romancista, nascido em 9 de setembro de 1828 e falecido em 20 de novembro de 1910. Tolstói é autor de obras-primas da literatura mundial, como "Guerra e Paz" e "Anna Karenina", com romances conhecidos pela profundidade psicológica, detalhamento realista e exploração de temas complexos como a moralidade, a fé e a sociedade russa.

Tolstói tinha 51 (cinquenta a um) anos quando escreveu “Uma Confissão”.  Aparentemente, não tinha problemas sérios, residia em uma grande propriedade rural, já era um dos escritores mas respeitados na Rússia, casado com uma esposa dedicada, com filhos saudáveis, desfrutando de um padrão de conforto próprio à elite russa, como bem admitiu.  Mas esse foi um momento em que a ideia de suicídio (enforcando-se ou disparando contra a sua cabeça) agitou o espírito de Tolstói, em razão da falta de uma resposta satisfatória acerca do sentido da vida e da morte.  O livro foi escrito nesse momento de profunda reflexão do autor russo sobre o sentido da existência humana na Terra, e causou bastante desconforto à cúpula da igreja ortodoxa russa, que na época detinha enorme poder e era parte integrante do Estado e do regime autocrático. O autor, na época, fez duras críticas à igreja, sustentando que as igrejas cristãs seriam corruptas, e destoariam do verdadeiro cristianismo, e acabou por ser excomungado no ano de 1901. O livro só foi publicado oficialmente na Rússia em 1906, quatro anos antes de sua morte. 

A Lídia iniciou os comentários, com um preciso resumo do livro que transcrevo a seguir:

“O livro é do início ao fim uma reflexão de caráter filosófico – o sentido da vida – e religiosos, na medida em que questiona as ações da conduta cristã, quando busca a fé.  Tolstói não via sentido na vida, o que o fez pensar em suicidar-se.  A busca de uma resposta o levou a diferentes caminhos, até que, por fim, encontrou a fé, que lhe proporcionou uma nova maneira de enxergar a existência. Primeiro, buscou respostas para as questões da vida na ciência, na filosofia, na arte, sem êxito.  Encontrou a resosta no povo simples da Rússia que mesmo sob duras condições, reagia aos sofrimentos da vida com devoção a Deus.  Daí concluiu que nem todos os saberes humanos juntos são capazes de desvendar a complexidade da fé.  Os mais simples, contuso, tem livre acesso a ela.  É uma lição de humildade à igreja de hoje, que, ao invés de debates estéreis, deveria simplesmente praticar a fé no dia a dia.  E assim conclui Tolstói, a respeito da fé: 

“O saber racional dos sábios e cultos nega o sentido da vida, enquanto a enorme massa de pessoas, a humanidade inteira, reconhece esse sentido num saber irracional.  E esse saber irracional é a fé, a mesma que eu não podia aceitar.” 

“A fé, que oferece possibilidade de viver.  Só ela oferece à humanidade respostas para a questão da vida e em consequência, a possibilidade de viver.”  

O debate foi bem profundo, falou-se das quatro saídas apontadas por Tolstói para entender a existência (ignorância, epicurismo, suicídio ou fraqueza).  A leitura instigou um questionamento religiosos, foi descrito o Pai Nosso celta, e seu significado, foi comentada a maldade no mundo e a bondade. Tiramos muitas fotos.  

A seguir, passou-se ao jantar: peixes, risotos, spaghetti, carne, e vinho branco. 

Por fim, foi escolhido o livro “Pacto das Águas”, de Abraham Verghese e marcada a reunião para o dia 31/07, uma quarta-feira.  

Beijo às amigas, e até lá, Titina.