Ata de nossa reunião de 26 de junho de 2024
Hora: 19h
Lugar: Restaurante Benjamin Osteria Moderna, Edifício João Benjamin Zaffari, na Av. Carlos Gomes, 400 - Térreo
Livro “Uma Confissão”, de Tolstói.
Enquanto degustávamos burrata e pães, conversamos sobre vários assuntos, vida e morte em especial, talvez movidas pela temática do livro recentemente lido.
O livro é muito bonito com um corte de bordas vermelhas, muito elogiado pela sua apresentação.
A seguir, falei sobre o autor, Liev Tolstói, também conhecido como Leo Tolstói, escritor russo, grande romancista, nascido em 9 de setembro de 1828 e falecido em 20 de novembro de 1910. Tolstói é autor de obras-primas da literatura mundial, como "Guerra e Paz" e "Anna Karenina", com romances conhecidos pela profundidade psicológica, detalhamento realista e exploração de temas complexos como a moralidade, a fé e a sociedade russa.
Tolstói tinha 51 (cinquenta a um) anos quando escreveu “Uma Confissão”. Aparentemente, não tinha problemas sérios, residia em uma grande propriedade rural, já era um dos escritores mas respeitados na Rússia, casado com uma esposa dedicada, com filhos saudáveis, desfrutando de um padrão de conforto próprio à elite russa, como bem admitiu. Mas esse foi um momento em que a ideia de suicídio (enforcando-se ou disparando contra a sua cabeça) agitou o espírito de Tolstói, em razão da falta de uma resposta satisfatória acerca do sentido da vida e da morte. O livro foi escrito nesse momento de profunda reflexão do autor russo sobre o sentido da existência humana na Terra, e causou bastante desconforto à cúpula da igreja ortodoxa russa, que na época detinha enorme poder e era parte integrante do Estado e do regime autocrático. O autor, na época, fez duras críticas à igreja, sustentando que as igrejas cristãs seriam corruptas, e destoariam do verdadeiro cristianismo, e acabou por ser excomungado no ano de 1901. O livro só foi publicado oficialmente na Rússia em 1906, quatro anos antes de sua morte.
A Lídia iniciou os comentários, com um preciso resumo do livro que transcrevo a seguir:
“O livro é do início ao fim uma reflexão de caráter filosófico – o sentido da vida – e religiosos, na medida em que questiona as ações da conduta cristã, quando busca a fé. Tolstói não via sentido na vida, o que o fez pensar em suicidar-se. A busca de uma resposta o levou a diferentes caminhos, até que, por fim, encontrou a fé, que lhe proporcionou uma nova maneira de enxergar a existência. Primeiro, buscou respostas para as questões da vida na ciência, na filosofia, na arte, sem êxito. Encontrou a resosta no povo simples da Rússia que mesmo sob duras condições, reagia aos sofrimentos da vida com devoção a Deus. Daí concluiu que nem todos os saberes humanos juntos são capazes de desvendar a complexidade da fé. Os mais simples, contuso, tem livre acesso a ela. É uma lição de humildade à igreja de hoje, que, ao invés de debates estéreis, deveria simplesmente praticar a fé no dia a dia. E assim conclui Tolstói, a respeito da fé:
“O saber racional dos sábios e cultos nega o sentido da vida, enquanto a enorme massa de pessoas, a humanidade inteira, reconhece esse sentido num saber irracional. E esse saber irracional é a fé, a mesma que eu não podia aceitar.”
“A fé, que oferece possibilidade de viver. Só ela oferece à humanidade respostas para a questão da vida e em consequência, a possibilidade de viver.”
O debate foi bem profundo, falou-se das quatro saídas apontadas por Tolstói para entender a existência (ignorância, epicurismo, suicídio ou fraqueza). A leitura instigou um questionamento religiosos, foi descrito o Pai Nosso celta, e seu significado, foi comentada a maldade no mundo e a bondade. Tiramos muitas fotos.
A seguir, passou-se ao jantar: peixes, risotos, spaghetti, carne, e vinho branco.
Por fim, foi escolhido o livro “Pacto das Águas”, de Abraham Verghese e marcada a reunião para o dia 31/07, uma quarta-feira.
Beijo às amigas, e até lá, Titina.
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