Por sugestão de uma amiga interessada em reunir o grupo e incentivar a leitura, criamos de forma bastante informal, um CLUBE DE LEITURA que está em plena atividade e já debate (outubro de 2011) seu quarto livro. Nossos encontros são mensais e  recheados de muitas discussões. Como não somos experts, muito menos críticos literários, debatemos os sentimentos que os livros nos proporcionam, o que tem se mostrado muito rico do ponto de vista do crescimento individual e da convivência coletiva fraterna.
         A criação deste Blog é para que registremos a trajetória do Clube. O nome TOSCANA, surge para homenagear  aquela região italiana que, após  uma viagem que fizemos ( entre 11 casais)  para visitá-la, em abril de 2011, ela ficou indelevelmente marcada nos nossos corações. Como a criação do CLUBE DE LEITURA,  decorreu da parceria desenvolvida naquela viagem, a continuidade  do convívio daquele grupo (hoje ampliado), também justifica a homenagem.
         Este  Blog, que é restrito às participantes do CLUBE DE LEITURA TOSCANA, poderá conter  toda espécie de comentários, sugestões e propostas referentes a livros (lidos ou não), filmes, músicas,  peças teatrais e/ou shows , sobre os quais queiramos compartir impressões.
Bem vindas amigas!

quarta-feira, 30 de março de 2016


REUNIÃO DE 9/12/2015 –  A MORTE DO PAI – Karl Ove Knausgärd

Nosso último encontro do ano foi na Karen, estando presentes a anfitriã, Karin, Lidia, Lise, Suzana, Denise, Evelyn, Arlete, Titina, Cléo e eu.
Como de hábito, iniciamos com um bom bate-papo informal, matando as saudades da turma, bebericando espumante e nos deliciando com as entradinhas deliciosas.
Dando início aos trabalhos, Titina apresentou o autor, norueguês, residente atualmente na Suécia com a família e 4 filhos. Comparado a Proust, seu primeiro livro FORA DO MUNDO, editado em 1998, foi um grande sucesso de crítica e público  na Noruega.
A MORTE DO PAI é o primeiro de 6 romances que compõem a obra autobiográfica A MINHA LUTA.  A família dele tentou impedir a edição, por ser muito pessoal e autobiográfico.
O autor escreve sobre sua infância e adolescência, as relações familiares com a mãe distante e, sobretudo, com o pai difícil e cujo declínio no alcoolismo levou a família à ruína. Perdas, alcoolismo, o difícil equilíbrio entre o amor de família e a necessidade pessoal de escrever. Analisa, também, seus 39 anos de vida, tentativas de se ajustar à rotina familiar em seu dia-a-dia prosaico com seus filhos, fraldas e brigas, sua luta diária para se construir como escritor.
Passando ao debate do livro, logo se tornou patente que o mesmo não agradou a maioria.
Críticas ferozes se seguiram, numa tumultuada apresentação dos sentimentos negativos em relação ao autor e sua trama.
Cleo achou tão ruim que foi pesquisar sobre o autor para entender como foi premiado..  Muito raso, excesso de descrição…que o autor enrola muito bem, faltando emoção no livro. Espera-se uma evolução na narrativa, o que não acontece e gera frustração .
Lidia considerou o autor pretencioso, visível já na escolha do título MEIN KAMPF, Minha Luta…Ele enxerga a vida sem graça.
Karin, salientando não querer ser agressiva, considerou o pior livro do Clube, não entendendo como foi premiado. Ausência de afeto, sentimento, leitura desagradável e cansativa.  Um desestímulo ao ato de leitura.
Eu, Malu,  achei muito chato, páginas e páginas de descrição minuciosa de coisas e fatos, o autor centrado nele mesmo. O suspense único é do leitor que aguarda que algo aconteça…
Arlete já leu 2 livros dele e vai ler o terceiro. Falou sobre a mania de limpeza, sua descrição em detalhes e considerou uma metáfora de uma limpeza em sua própria vida, ritualístico.  A realidade muito crua que apresenta, sem poupar ninguém. A vida dele é sem graça, sem ação, o que se refletiu na trama.
Titina salientou que o jeito dele contar, tão minuciosamente, deu uma densidade que não se esquece dos detalhes, mesmo sendo uma leitura chata. Citou trechos de críticas abonadoras do livro:
e inacreditável, leio apenas 200 páginas do livro e já quero o segundo da série, como crack…o projeto literário mais significativo de nossos tempos…
e na ZH  -  saem ambos, autor e leitor, gratificados.
A turma criticou e não concordou.
Lidia duvidou que tenha feito sucesso no  Clube ZH.
Malu sugeriu que se lesse autores naturalistas e realistas brasileiros, ao menos com descrição de nossa realidade.
Karen achou a narrativa chata, muito longa e descritiva,  mas continuou tentando dar importância às  análises que o autor faz sobre o motivo de escrever, achando algumas coisas interessantes.
Denise afirmou que,  mesmo sem entusiasmo, não parou de ler um minuto quando pegava. Nada acontecia…mas escreve muito bem.
Suzana afirmou que leu como compromisso com o Clube, sem vontade, só meta.
Passando a uma análise, Lidia iniciou sua apreciação do livro. Considerou que o autor relata a relação conflituosa com o pai, não respeitando ordem  cronológica, indo da infância aos 40 anos. Aprisionado na vida familiar, conta alguma história do pai, pouco explícita, mas culpa os filhos que impedem que ele seja escritor como o pai fez com ele, repete a história.
Obsessão com a morte, do pai, da avô, decadente com descrição horrível. Teme não somente a morte física, mas a morte como escritor. Fala da razão para a gente querer se livrar dos mortos, rápido, trancando no caixão.
PARA O CORACÃO A VIDA É SIMPLES, ELE BATE ENQUANTO PUDER. E ENTÃO PÁRA
Difícil de ler, coloca no mesmo grau de importância um fato trágico como a morte e coisas do dia a dia, lavar louca, fazer chá. O livro é linear, todo no mesmo tom,, tudo temo mesmo valor. 50 páginas para  contar o réveillon…não acontece nada.
Lidia acrescenta que o autor,  em certo momento,  faz seu autorretrato –(p27)
Primeiro ele situa o lugar, quem é, sua família, onde se encontra, fala que a vida social não traz nada..
NUNCA EXPRESSO O QUE REALMENTE PENSO, O QUE REALMENTE QUERO DIZER, MAS SEMPRE CONCORDO MAIS OU MENOS COM O QUE O INTERLOCUTOR DIZ…EXCETO QUANDO BEBO…PORISSO PAREI DE BEBER. NÃO QUERO QUE SE APROXIMEM DE MIM, NÃO QUERO QUE ME VEJAM . É ASSIM QUE AS COISAS TÊM SIDO, NINGUÉM SE APROXIMA, NINGUÉM VÊ.
Cleo comenta a parte em que fala sobre o que os quadros representam, sobre a literatura …tudo deve se sujeitar à forma…
Malu acha que ele poderia ser um professor bom, melhor que escritor.
Titina remete à parte em que ele fala da rejeição que sofreu dos avós, que pediram para ele não ir tanto à casa deles.
MEU MODO DE SER, COMO ME APROXIMAVA …AGORA COMPREENDO, O QUE NÃO CONSEGUI NA ÉPOCA, A PROXIMIDADE ERA ALGO QUE EU BUSCAVA, NÃO ELES…
Depois de mais alguns trechos discutidos, passamos à distribuição dos livros presentes de amiga secreta. Fotos com seus livros, como segue:





Mesa lindamente decorada com porcelanas da produção própria da nossa anfitriã. Alegria para nossos olhos e emoção pelo carinho no nosso encontro natalino.
Salada de verdes com pera, seguida de um risoto perfeito de camarão. E uma sobremesa com sorvete para adoçar a vida.
Na saída, mimos de porcelana. E muitos desejos de um Natal excelente e um 2016 de muitas alegrias.
Muita sintonia, muita harmonia, como disse a Cleo mais tarde em nossas mensagens, onde todas agradecemos a Karen pelo belo acolhimento.

Malu

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