A nossa primeira
reunião do ano aconteceu na casa da Lise, contando com a presença de Lise,
Lidia, Malu, Suzana, Titina, Arlete, Cléo, Denise, Karin e Evelyn. Andrea, em
Istambul, e Karen não compareceram.
Aperitivos e
canapés deliciosos, regados a vinho branco e espumante, descontraíram o
ambiente e incentivaram a confraternização.
Os acontecimentos
políticos do dia tiveram reflexos em
nosso encontro. Panelaços e buzinadas entremeavam nossas manifestações
literárias. Nossa Presidente, Lidia, se manifestou, solicitando que ficássemos
todas à vontade para comentar os fatos do dia – Lula levado a depor pela PF.
Expressas algumas opiniões, optou-se por nos ater aos tópicos literários,
motivo maior de nossos encontros mensais.
Neste início de
ano, os livros recebidos da amiga secreta no Natal deveriam ser comentados por
cada uma, o que foi feito entusiasticamente.
Arlete iniciou,
comentando A arte do presente de Ariane Mnouchkine , recebido da Karen. A
autora apresenta entrevistas com a
mulher criadora do Cirque du Soleil. As duas se atritaram durante o trabalho,
mas a jornalista editou o livro mesmo assim, porque nāo quis valorizar o atrito
e, sim, as entrevistas. E o fez como um presente, resultando daí o título.
Arlete se encantou
com a história real da entrevistada e toda a sua trajetória como mulher e
empreendedora.
A seguir, Cléo
falou sobre Mulher de barro de Joyce Carol Oates. Ela começou a ler,
tentou…, mas nāo conseguiu. Muito ruim!
A Denise
apresentou Um dia de David Nicholls
presente da Malu.
Romance sobre
dois jovens, que já se conheciam, envolvem-se e se apaixonam. Ele rico, lindo,
sem saber o que fazer de sua vida. Ela, precisando trabalhar para se sustentar,
se considerando uma patinha feia, com baixa autoestima, batalhadora.
Vidas paralelas,
mantêm contato, ela trabalha numa lanchonete, ótima profissional, faz sucesso
com franquias. Ele trabalha na mídia, fica famoso, acaba se casando e tendo uma
filha, a mulher o trai com outro mais rico, quando ele já está envolvido com
bebidas e drogas. Finalmente resolvem viver junto e ela morre. O livro foi
adaptado para o cinema com o mesmo título.
Toda a luz que
nāo podemos ver , escrito por Anthony Doerr, foi lido por Malu que recebeu da
Arlete e pela Evelyn presenteada pela Karen..
A Evelyn nāo
terminou a leitura, mas disse estar adorando. Capítulos curtos, alternando
entre as duas personagens principais: ele, um órfão alemão preparado para o nazismo, especializado em
radiocomunicação; ela, francesa, cega na infância, criada por pai espetacular
que a treina para ser independente, projetando e construindo maquetes da cidade. História sensível e
interessante.
Eu, Malu, também
nāo terminei, estou adorando, nāo quis me apressar, curtindo muito.
Maravilhoso! Sensibilidade do autor, numa linha descreve poeticamente a luz do
sol, o barulho do mar, a textura das pedras…Descriçāo envolvente, ao contrário
de O Filho do pai , onde era cansativa,
chata e monótona. Metáforas do caramujo, do mar…Ao ler as descrições poéticas
da cega, parece que sentimos as cores, sons e aromas.
Titina recebeu de
Lise o livro, de Michel Houllebecq,
Partículas elementares , história
de dois irmāos, Michel e Bruno, trajetórias familiares sentimentais e caóticas.
Gostou.
Lidia ganhou dois
livros de Titina, um de contos Fratura
exposta - ela nāo gosta muito do gênero,
mas apreciou este, de um escritor de 23 anos, bem escrito.
O outro,
Nihogin, de Georgina von Etzdorf, narra a vinda de japoneses para Sa8o
Paulo, em 1920, durante a Primeira Guerra. O imperador japonês é visto como
divindade e, quando pede que seus súditos emigrem para outros países para
ganhar dinheiro e ajudar o país a se reerguer, obedecem. A história mostra uma
família, em SPaulo, a dificuldade de adaptaçāo com a cultura, duas gerações. Na
Segunda Guerra, derrotados, nāo admitem a derrota, acham que os americanos
mentem. Vivem uma realidade paralela. Perseguem os que nāo acreditam na versāo
japonesa, condenam e matam. Um dos netos foi morto, em cerimônia, com espada,
por nāo crer. Mesmo quando o imperador declara a derrota, continuam nāo
acreditando. Hist6ria verdadeira, passada no Bairro Liberdade.
Lidia achou
maravilhosos, fácil de ler, além de ser um testemunho de época, rico nas
relações homem-mulher., tendo ganho o prêmio Jaboti 2012.
Karin leu muito
pouco nas ferias, marido espaçoso…Ganhou da Denise Gastronomia Brasileira ,
livro diferente, para estudar e deixar exposto, maravilhoso e lindo!
Ingredientes do Brasil, com enfoque diferenciado e receitas ótimas.
Lise ganhou da
Suzana Ainda estou aqui, de Marcelo
Rubens Paiva, e adorou. Trata-se da história veridica da māe do autor, com
Ahlzeimer. Ele tinha 11 anos quando perdeu o pai torturado e assassinado pela
ditadura militar. Foi criado pela māe, juntamente com 4 irmās, mulher super
parceira do marido e que, viúva,, cursou Direito aos 45 anos, engajada e boa
māe. Casado, com um filho, paraplégico, o autor ficou responsável por ela. Muito bem escrito e de fácil
leitura.
Suzana pediu e
recebeu da Cléo o livro Submissāo, de
Michel Houllebecq. De dif[icil leitura, mas interessante, conta a trama de um
professor universitário, em Paris, em 2022, um
solitário sem se dar com os pais e sem se envolver com a namorada. Super
intelectual, escreveu uma tese – é ficçāo, mas a descriçāo da tese torna muito
chato, Um candidato muçulmano, francês, elege-se presidente numa coligaçāo. Seu
partido fica somente com o Ministério da Educaçāo, deixando o resto para os
outros aliados. Fazem um trabalho de destruiçāo das escolas públicas, demissāo
de professores, implementando a cultura muçulmana. No final, o professor é
recontratado com muitas vantagens, se transforma em muçulmano, casa com três
mulheres. Interessante como atraem facilmente os ocidentais.
Após cada
exposiçāo, seguiu-se debates, com elogios e críticas e muitas sugestões de
leituras.
Encerrada a pauta
principal, seguiu-se o jantar, impecável, com um prato principal – espaguete
negro com camarāo – sendo flambado na mesa, pelo chef, num belo show
pirotécnico.
Ao erguer o
prato, cada uma de nós foi surpreendida por trechos de músicas ou poesias
impressas no jogo americano.
E que minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é
AMOR
E a outra metade
Também
Ah! Se o mundo inteiro pudesse
Ouvir
Tenho muito pra contar
Dizer que aprendi…
Tim Maia
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito… Lulu
Santos e Nelson Motta
Cada uma leu seu
poema e algumas cantaram suas músicas, talentos devidamente gravados por
Evelyn.
A escolha dos
próximos dois livros foi feita a seguir.
Tendo em vista a
morte do escritor Umberto Eco, Lise apresentou como sugestão Número Zero , sendo este votado pela maioria
para o mês de abril.
Outros livros
sugeridos, a escolha para maio recaiu em Galveias de José Luís Peixoto.
Foi decidida,
também, a data 27 de abril para o próximo evento de nosso Clube, a ser
realizado na casa da Malu.
Sobremesas
deliciosas, de manga a do chef e a ambrosia da Lise, que fez muito sucesso,
encerraram o jantar, devidamente registrado em fotos pela Evelyn.
Lise nos presenteou
com um livro, num gesto carinhoso.
Fotos do grupo
com seus respectivos livros, deram por finalizado mais este encontro, num clima
de alegria e amizade.
Malu
Um comentário:
Belo registro da reunião. Adorei! Revivi nosso maravilhoso encontro. Parabéns, Malu!
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