O Hause Café Bistrô foi a nossa sede e, nesta reunião, além de debater o livro, festejávamos o aniversário da querida Karin. Fui incumbida de escolher o champagne, o vinho branco e o vinho tinto, pois todos os gostos deveriam ser satisfeitos. Sabíamos que a Titina e a Karen não viriam, mas aguardamos por um bom tempo a Arletinha pois ela havia prometido vir afiada para o debate. Infelizmente, nossa companheira não veio, e então começamos a analisar Cheryl.
A primeira a falar foi a Lise que veio embasada e documentada com uma entrevista da autora para a Revista Viagem na qual ela conta que usou o sexo e as drogas como consolo na convivência com a dor. Aliás, na ausência da Titina para nos dar a biografia, Lisinha foi muito esclarecedora e estava super por dentro da vida pregressa e atual da escritora. Karin se identificou com a questão do cuidado à mãe no hospital, valorizando o fato de Cheryl não ter sido ajudada pelos irmãos num momento em que precisava tanto. Achou a história interessante, porém repetitiva e monótona. Evelyn, nossa sempre eficiente assessora para assuntos cibernético-virtuais, pulou trechos do livro, achou chato, mas valorizou a extrema coragem para enfrentar sozinha a aventura na Pacific Crest Trail. Lídia, não conseguiu enquadrar o gênero do livro e achou obsessiva a relação da protagonista com a mãe. Mas nossa Presidente se impressionou positivamente com o despreendimento da escritora ao enfrentar um processo de mudança e sua honestidade nas reflexões sobre o sexo e as drogas.
Denise ressaltou o antagonismo da auto-destruição e do instinto de sobrevivência de Cheryl, notou que no início da obra havia uma idealização das personagens e que, com o passar dos 1770km os defeitos começaram a aparecer. Nossa pequena notável chorou na passagem do lago transparente em que ela via os peixes , mas não conseguia pegar, simbolismo para a vida em que vemos claramente as pessoas, mas não as tornamos nossas, porque viemos ao mundo sós e iremos embora também sozinhos. Chegou a vez da Suzana e ela declarou ter achado o livro fraquinho, disse: - não chegou a ser penoso, mas não gostei, achei bobinho... A Su gostou mesmo das trilhas e da sua descrição , mas não viu toda a profundidade analisada pela Denise. Ah! Segundo a Suzana, o livro deveria se chamar Sorte, pois só com muita , a pessoa passa por todos estes perigos ilesa e invicta!!! Cléo trouxe seu infindável caderno de anotações, e sentenciou a baixa auto-estima da Rainha da PCT, que saiu em peregrinação em busca do seu eu, mas começou muito frágil, com muitos medos. De acordo com a Cleozinha, quando se enfrenta o medo ele fica menor, e ela foi fazendo isto metaforicamente no decorrer do livro. Ainda falando da nossa artista, o momento mais tocante foi quando Cheryl volta ao hospital e encontra a mãe já morta. Vejam só, agora vem a Malu, nossa aventureira, que comprou o livro no dia anterior, achou muito fácil de ler, e definiu que, seguramente a autora deve ter usado a narrativa e comentários de um diário, por isso a aparente chatice e repetição. Malu, que nunca perde a oportunidade de dar uma sacada genial, salientou passagens do livro como a "vim para vencer o que fizeram a mim, vim para vencer a mim mesma"disse Cheryl Strayed enquanto buscava seu eixo antes de chegar a Cascade Locks e comer sua casquinha. Agora, nossa autora/personagem sabia que sua vida era como todas as vidas, misteriosa, irrevogável e sagrada. Tão perto, tão presente, tão dela. E se sentiu livre deixando que seguisse seu rumo.
Enquanto comíamos nosso saboroso risoto de camarão e alho poró, propus que fizéssemos uma trilha. Todas se viraram com os olhinhos brilhando. Começamos a planejar, com certa dificuldade de datas, um final de semana para irmos a Gramado fazer a PCT do sítio. São cerca de três horas de caminhada, mas vamos acampar, passar fome, carregar monstras, fazer bolhas nos pés, comer frutas secas e as silvestres que encontrarmos e, fundamentalmente, não vamos tomar banho. Só assim poderemos entender um pouco do sacrifício feito pela autora. Ah! E se alguém quiser algo diferente disso, já pode ir colocando a caixa no correio torcendo pra que chegue com os 20 dólares dentro!
Descobrimos que a Malu não estava ainda no grupo do Whatsapp, então, sempre Evy, providenciou sua inserção. O livro decidido para a próxima reunião 23/10, na casa Froeder, foi:
Beijo a todas e até a nossa PCT
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