Por sugestão de uma amiga interessada em reunir o grupo e incentivar a leitura, criamos de forma bastante informal, um CLUBE DE LEITURA que está em plena atividade e já debate (outubro de 2011) seu quarto livro. Nossos encontros são mensais e  recheados de muitas discussões. Como não somos experts, muito menos críticos literários, debatemos os sentimentos que os livros nos proporcionam, o que tem se mostrado muito rico do ponto de vista do crescimento individual e da convivência coletiva fraterna.
         A criação deste Blog é para que registremos a trajetória do Clube. O nome TOSCANA, surge para homenagear  aquela região italiana que, após  uma viagem que fizemos ( entre 11 casais)  para visitá-la, em abril de 2011, ela ficou indelevelmente marcada nos nossos corações. Como a criação do CLUBE DE LEITURA,  decorreu da parceria desenvolvida naquela viagem, a continuidade  do convívio daquele grupo (hoje ampliado), também justifica a homenagem.
         Este  Blog, que é restrito às participantes do CLUBE DE LEITURA TOSCANA, poderá conter  toda espécie de comentários, sugestões e propostas referentes a livros (lidos ou não), filmes, músicas,  peças teatrais e/ou shows , sobre os quais queiramos compartir impressões.
Bem vindas amigas!

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

BOM DIA TRISTEZA - Françoise Sagan


Ata de nossa reunião de 06 de novembro de 

Hora: 19:15h 

Lugar: Restaurante MÜ, Rua Eudoro Berlinck, 260

Livro “Bom Dia Tristeza” de Françoise Sagan

Compareceram ao encontro 9 (nove) integrantes do clube: Cleo, Denise, Evelyn, Karen, Karin, Lídia, Lise, Suzana e Titina.

Enquanto degustávamos as entradas, cubos de camarão à milanesa com farinha panko, acompanhados de vinho branco conversamos sobre variados assuntos: filme A Substância, Demi Moore, Jane Fonda, beleza, envelhecimento,  Coppola, documentários, Quincy Jones, Celine Dion, casamento em Punta, e muito mais.

Falei sobre a escritora, Françoise Sagan, francesa, que viveu de 1935 a 2004. Conheceu o sucesso ainda garota quando, aos 18 anos, escreveu em sete semanas sua primeira e mais consagrada obra: Bonjour Tristesse (Bom dia, Tristeza), que só nos Estados Unidos vendeu um milhão de exemplares, e à qual se seguiram cerca de cinquenta obras, entre romances, peças teatrais e autobiografias. Foi amiga, entre outros, de Tennessee Williams, Orson Welles, François Mitterrand, Truman Capote, Ava Gardner, e de um dos maiores intelectuais de todos os tempos, o filósofo Jean-Paul Sartre, mas não havia mais nenhum deles ao seu lado na época de sua morte, aos 69 anos, afundada em dívidas, doente e solitária. 

A seguir, a Lídia resumiu o enredo. O romance se passa no litoral do mediterrâneo, nas férias de verão, que Cécile vai passar com o seu pai, (bom vivant) e Elsa, sua namoradinha da ocasião. A cativante Cécile, tem dezessete anos. Ao ficar livre das restrições sufocantes do internato onde estuda, Cécile e Raymond, seu pai viúvo ainda jovem e galanteador, tornam-se unha e carne. Com o casarão magnífico, o clima quente, e o mar Mediterrâneo a seus pés, Cécile desfruta dos momentos de espírito livre, assim como o pai, enquanto investe nas próprias aventuras sexuais com um estudante de direito alto e, às vezes, bonito.

Tudo são flores até que o seu pai, entediado, liga para Anne, que foi amiga de sua esposa e é madrinha de Cécile.  A visita da melhor amiga de sua falecida mãe perturba sua deliciosa desordem. O pai e Anne começam a namorar, ignorando a presença de Elsa. Anne é uma estilista consagrada e bem sucedida, que impõe naturalmente a sua presença e passa a exigir que Cécile estude para a prova de filosofia, que ficou pendente. E, quando Raymond anuncia que vai se casar de novo, com Anne, Cécile se dá conta de que sua liberdade será posta em xeque.  Fica infeliz com a decisão, não acreditando que o pai será feliz. Movimenta-se, então, para dificultar o relacionamento, sem saber que isso pode trazer trágicas consequências. O desfecho é o pior possível. O livro relata estilos de vida liberdade X libertinagem, irresponsabilidade, imaturidade e a falta de um exemplo de vida. O marcante do livro é a habilidade da autora de mostrar como funciona a cabeça de uma adolescente, seus pensamentos constantes, dúvidas, convicções e ações, que conduzem ao desfecho. É um livro sobre adolescência, amor e solidão, e teve, quando de seu lançamento, um impacto imediato em um mundo pós-guerra que estava em busca de novas formas de expressar emoções e a própria identidade.

Poucas integrantes do Clube (apenas 2) gostaram do livro.  O conteúdo foi avaliado, pela maioria, como fraco.  A qualidade da escrita, porém, foi admitida por todas.  Debateu-se um pouco, depois falou-se sobre o início do Clube, em 2011 e restou combinado que veríamos o filme “A Substância” para debate na última reunião do ano.

A seguir, passou-se ao jantar, muito bom, como sempre.  Os pedidos consistiram, principalmente, em atum selado, havendo outros pedidos, contudo, de acordo com as preferências de cada uma das integrantes do Clube.  Muitas sobremesas, repartidas, e, para beber, águas e vinho branco. 

Foi tirada a foto. Conversou-se mais um pouco sobre armênios, Espinoza, viagens, e vários outros assuntos.

Por fim, foi escolhido o livro “O Acidente” de Ismail Kadaré para o próxima reunião, marcada para o dia 10/12, segunda-feira, no MÜ.

Beijo às amigas, boas leituras, e até lá, Titina.

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

OS AMANTES DE CASABLANCA- Tahar Ben


 Ata de nossa reunião de 08 de outubro de 2024

Hora: 19:15h 

Lugar: Restaurante MÜ, Rua Eudoro Berlinck, 260

Livro “Os Amantes de Casablanca” de Tahar Ben Jellou


Compareceram ao encontro 7 (sete) integrantes do clube: Cleo, Karen, Karin, Lídia, Lise, Suzana e Titina.


Enquanto degustávamos as entradas, tempura de camarão, novamente, e outras entradinhas, conversamos sobre variados assuntos: reflexões sobre arte, como o fato de um servente de limpeza ter colocado no lixo uma obra de arte que consistiria em uma lata de cerveja, em um museu holandês, mulheres bonitas, que continuam bonitas ao envelhecer, como a Garota de Ipanema, Catherine Deneuve, e outras. E mais alguns assuntos.

Falei sobre o autor, Tahar Ben Jellou, nascido em Fez, em 1º de dezembro de 1947.  É um romancista, ensaísta, poeta e pintor franco-marroquino de expressão francesa. Venceu o Prêmio Goncourt de 1987 (o que nos impressionou). O autor morou no Marrocos até 1971 quando, diante do anúncio de que o ensino de filosofia no Marrocos seria arabizado, Ben transferiu-se para a França, conseguindo uma bolsa para se especializar em psicologia. Chega a Paris em 11 de setembro daquele ano. Desde então, a capital francesa converteu-se em seu lar. Em 1975, doutorou-se em psiquiatria social. Em 2006 tentou reinstalar-se na sua pátria, mas fracassou. Recorda-o assim: "Voltei ao Marrocos em 2006 com a intenção de ficar lá, mas foi difícil. Para viver em Marrocos há que conhecer os códigos e, ainda que eu os conheça, fatigam-me. Tive, ademais, más experiências familiares, de modo que terminei regressando a Paris. Amo o Marrocos, mas há duas coisas que não suporto - a falta de seriedade e a corrupção”. É o escritor francófono mais traduzido no mundo, vencedor de muitos prêmios literários.

A seguir, a Lídia resumiu o enredo. Trata-se de um romance que se passa em Casablanca, no ano de 2016. Nabile, médico pediatra, e Lamia, farmacêutica que administra uma grande indústria, com seus três filhos (uma adotiva), formam um casal moderno, bem-sucedido e entrosado. Até o dia em que Lamia se apaixona por Daniel, um homem de reputação duvidosa que vira seu mundo de cabeça para baixo. Seis meses depois, ela pede o divórcio. Qual será o futuro de uma mulher voluntariosa e desejante numa sociedade patriarcal, na qual a liberdade custa muito caro – sobretudo a liberdade feminina? Entre crítica social e romance psicológico, o livro narra a história de um casamento, não uma história de amor. A personagem Lamia, é bastante incoerente.  Uma mulher descrita como forte, batalhadora, profissional, cai em uma história superficial e banal com Daniel.  O casamento é mostrado como uma mera convenção social, que coloca os personagens na condição de bem-sucedidos perante a sociedade. Os filhos do casal não fazem parte da relação familiar.  Sua existência é apenas registrada.  Há frieza nas relações, destituídas de afeto, inclusive com os pais dos personagens principais. O livro relata uma sociedade em que coabitam judeus e muçulmanos.  A prosa do autor se mostrou arrastada, com narrativas previsíveis, limitando a profundidade emocional. 

O livro não foi apreciado pelo Clube, embora se tenha admitido que forneceu alguma dose de entretenimento.  Poderia ter aprofundado as motivações dos personagens.  Cogitou-se que o autor tenha utilizado alguma história de seus pacientes, ou de vários.  E, além de tudo, a capa era muito feia.  A pior capa de livro que o Clube já viu!

Mas, apesar de suas limitações, o fato é que o livro desencadeou a abordagem de vários assuntos relacionados a casamento, separações,  traições, amantes, amores e desamores, telefonemas anônimos e muito mais.

A seguir, passou-se ao jantar, muito bom.  Os pedidos consistiram, em sushi, atum selado, etc, de acordo com as preferências de cada uma das integrantes do Clube. Sobremesa repartida e, para beber, águas e vinho branco. 

Foi tirada a foto. 

Por fim, foi escolhido o livro “Bom Dia Tristeza” de François Sagan, para a próxima reunião, marcada  para o dia 06 de novembro, uma quarta-feira, em local a ser definido em data mais próxima.

Beijo às amigas, boas leituras, e até lá, Titina.

Deus na escuridão- Walter Hugo Mae

 



Ata de nossa reunião de 16 de setembro de 2024

 

 

Hora: 19:15
Lugar: Restaurante MÜRua Eudoro Berlinck, 260

Livro Deus na Escuridão”, de Walter Hugo Mãe

 

Compareceram ao encontro 8 (oito) integrantes do clube: Cleo, Evelyn, Karen, Karin, Lídia, Lise, Suzana e Titina.

 

Enquanto degustávamos as entradas, tempura de camarão e ceviche, conversamos sobre variadosassuntos: moda (sempre), roupas não descartáveis, casamentos, cremes para a pele, etc. 

 

Nem falei sobre o autor, Valter Hugo Mãe, porque já é bem conhecido das integrantes do clube.  Valter Hugo Mãe é o nome artístico do escritor português Valter Hugo Lemos, nascido em Angola, em 25 de setembro de 1971 e que, além de escritor, é editor, artista plástico, apresentador de televisão e cantor. Já lemos outra obra dele no passado, bem apreciada no Clube.

 

seguir, a Lídia resumiu o enredo. Trata-se de um romance profundo sobre o amor fraterno e a necessidade de cuidar de alguém.  Pouquinho (Serafim) e Felicíssimo (Paulinho), com seus pais, vivem nas alturas em uma casa incrustrada na rocha íngreme, na comunidade de Buraco da Caldeira, na Ilha da Madeira.  Naquela natureza indomável, numa paisagem legendária e com uma fé imensurável é que, na labuta diária, passam seus dias.  Um amor sublime os envolve.

 

Pouquinho nasceu “sem as origens”, uma condição física que era tida na comunidade como algo entre o estranho e o santificado.  Nasceu inteirinho mas “mordido entre as pernas”, uma criança abreviada.   Felicíssimo assumiu o cuidado do irmão caçula como um dever, mas também como um ato de amor. Felicíssimo jurou proteger o irmão de todos os males do mundo e exerceu a missão ao longo de sua vida não como uma obrigação, mas como um ato supremo de amor incondicional O livro explora a ideia de que amar se constitui em um sentimento que se exerce na “escuridão”, ali sempre presente.  O livro é um manifesto à lealdade e resiliência.   

 

O autor escreve com muitas expressões regionais o que dificultou o entendimento de alguns trechos, até metafóricos (como por exemplo as Repetidas, da Senhora Baronesa do Capitão).  Utilizou-se de uma escrita poética e figurativa, brincando com as palavras e os nomes dos personagens.   A leitura resulta menos fluída, exigindo um grau maior de concentração.

 

As leitoras avaliaram o livro como profundo, bonito, mas não muito apreciado.  Apenas três integrantes do Clube gostaram, efetivamente, do livro. Ainda assim, concluiu-se que foi bom ter lido a obra, embora não tenha sido tão agradável a leitura em razão das expressões regionais intraduzíveis. 

 

A seguir, passou-se ao jantar nesse restaurante muito bonito, recentemente inaugurado.  Tudo muito bom.  Os pedidos consistiram, basicamenteem sushi, polvo, e atum, de acordo com as preferências de cada uma das integrantes do Clube. Sobremesa repartida e, para beber, águas e vinho branco. Falou-se de series, filmes, postos de gasolina, e outros assuntos culturais (como sempre, hehe)

 

Por fim, foi mantida a escolha do livro “Os Amantes de Casablanca” de Tahar Ben Jelloun, para a reunião subsequente e marcada a próxima reunião para o dia 08 de outubro, uma terça-feira, no Restaurante Um Bar&Cozinha, (chef Carlos Kristensen), situado na Av. Mariland, 1388esquina Anita Garibaldi (junto à loja Grand Cru Vinhos).  Ao longo do mês, contudo, foi alterado o local da reunião de outubro, que restou marcada para o mesmo restaurante de setembro, o Mü.

 

Beijo às amigase até láTitina.

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

PACTO DAS AGUAS - ABRAHAM VERGHESE




 Ata de nossa reunião de 31 de julho de 2024

 

 

Hora: 19h 
Lugar: Restaurante Benjamin Osteria Moderna, 
Edifício João Benjamin Zaffari, na Av. Carlos Gomes, 400 - Térreo

Livro “Pacto das Águas”, de Abraham Verghese

 

Compareceram ao encontro 8 (oito) integrantes do clube: Cleo, Denise, Karen, Lídia, Lise, Suzana, Titina e Karin, que chegou um pouco mais tarde, por ter comparecido ao jantar de aniversário de seu filho antes de ir à reunião do Clube. 

 

Enquanto degustávamos mais uma vez burrata e pães, conversamos sobre variados assuntos: moda, olimpíadas, polêmicas, saúde, etc. 

 

Falei sobre o autor, Abraham Verghese, médico escritor indiano-estadunidense, nascido em Adis Abeba em maio de 1955, de quem já havíamos lido outro livro, muito apreciado no Clube: “O XI Mandamento”.

O autor é professor da Teoria e Prática de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade Stanford, presidente associado sênior do Departamento de Medicina Interna, além de autor de livros muito bem recebidos pela crítica e pelo público.

 

A seguir, a Lídia resumiu o enredo. O livro abrange o período de 1900 a 1977, se passa em Kerala, na costa de Malabar, no sul da Índia, e acompanha uma família que sofre de um mal, que eles chamam de “CONDIÇÃO”: em cada uma das três gerações, pelo menos uma pessoa morre afogada ― e naquela região há água por toda parte. O livro nos leva a conhecer a tradição espiritual dos cristãos do sul da Índia e apresenta personagens muito bem construídos, cujas vidas acompanhamos da infância à velhice e aos quais nos apegamos durante a leitura. A narrativa começa com uma menina de doze anos, enviada para seu casamento com um homem de quarenta anos. Aí já começa o diferencial da história.  Nada é o que parece ao princípio (violência sexual, pedofilia etc).  Na verdade, trata-se de uma história de superação, amor, e muito afeto.

 

Essa menina, a jovem e futura matriarca de Parambil, conhecida como Grande Ammachi, se constitui em uma personalidade marcante do livro, que testemunhará uma série de mudanças ao longo de sua vida, com alegrias, triunfos, reviravoltas, dificuldades e perdas (Jojo, Bebê Mol, filho, neto, dentre outros). Acompanharemos essa história até 1977 — um arco que vai da Grande Ammachi à neta Mariamma. Enquanto a Grande Ammachi estabelece um doce matriarcado em Parambil, Mariamma virá a se tornar a primeira médica da família. Para que isso aconteça, muitas coisas mudarão na Índia, e acompanhamos essas mudanças, sempre guiados pelo exímio narrador de Verghese.  

 

Outro personagem que marcou foi Digby, o jovem médico escocês, órfão, que vai para a  Índia (Madras, atual Chennai) como cirurgião.  Bom caráter, depois de sofrer um acidente vai para um leprosário próximo a Parambil, e é tratado por outro médico excepcional, que é o Rune.  Aos poucos, sua história se conecta à de Parambil. Digby nos faz testemunhar o progresso da medicina, e os sacrifícios feitos por aqueles que vieram antes de nós. 

 

O livro foi muito apreciado! Todas gostaram muito. Uma unanimidade. Foram elogiados os médicos do livro, todos maravilhosos, fazendo diagnósticos certeiros, e curas, com os parcos recursos que tinham ao alcance.  O livro quase não apresenta vilões. Os personagens são apresentados como são, com suas virtudes e fraquezas.  Um único vilão foi identificado na reunião, o médico marido da Celeste, que além de malvado, era um profissional bem limitado e com pouca habilidade cirúrgica.  

 

Houve muitos comentários, o debate foi interessante, acalorado, pois estávamos muito entusiasmadas com o livro.

 

As únicas, e poucas, pequenas críticas (nem bem críticas, apenas registros) dizem respeito aos minuciosos detalhes de procedimentos cirúrgicos narrados com profundidade ao longo do livro.  

 

A seguir, passou-se ao jantar, tudo muito bom, como sempre, e sobremesas divididas entre todas. Para beber, águas e vinho branco. 

 

Por fim, foi escolhido o livro “Deus na Escuridão”, de Valter Hugo Mãe, para a próxima reunião, e “Os Amantes de Casablanca” de Tahar Ben Jelloun, para a reunião subsequente.

 

Aí, nesse momento, houve um pouquinho de comentários da sociedade, de acontecimentos atuais, etc.

 

Por fim, foi marcada nossa próxima reunião para o dia 11 de setembro, uma quarta-feira.  

 

Beijo às amigas, e até lá, Titina.

sábado, 13 de julho de 2024

Uma Confissão - Leon Tolstói


Ata de nossa reunião de 26 de junho de 2024

Hora: 19h 

Lugar: Restaurante Benjamin Osteria Moderna, Edifício João Benjamin Zaffari, na Av. Carlos Gomes, 400 - Térreo

Livro “Uma Confissão”, de Tolstói.

Compareceram ao encontro, em uma noite chuvosa de início de inverno, 8 (oito) integrantes do clube: Cleo, Denise, Evelyn, Karen, Lídia, Lise, Suzana e Titina. 

Enquanto degustávamos burrata e pães, conversamos sobre vários assuntos, vida e morte em especial, talvez movidas pela temática do livro recentemente lido.

O livro é muito bonito com um corte de bordas vermelhas, muito elogiado pela sua apresentação.

A seguir, falei sobre o autor, Liev Tolstói, também conhecido como Leo Tolstói, escritor russo, grande romancista, nascido em 9 de setembro de 1828 e falecido em 20 de novembro de 1910. Tolstói é autor de obras-primas da literatura mundial, como "Guerra e Paz" e "Anna Karenina", com romances conhecidos pela profundidade psicológica, detalhamento realista e exploração de temas complexos como a moralidade, a fé e a sociedade russa.

Tolstói tinha 51 (cinquenta a um) anos quando escreveu “Uma Confissão”.  Aparentemente, não tinha problemas sérios, residia em uma grande propriedade rural, já era um dos escritores mas respeitados na Rússia, casado com uma esposa dedicada, com filhos saudáveis, desfrutando de um padrão de conforto próprio à elite russa, como bem admitiu.  Mas esse foi um momento em que a ideia de suicídio (enforcando-se ou disparando contra a sua cabeça) agitou o espírito de Tolstói, em razão da falta de uma resposta satisfatória acerca do sentido da vida e da morte.  O livro foi escrito nesse momento de profunda reflexão do autor russo sobre o sentido da existência humana na Terra, e causou bastante desconforto à cúpula da igreja ortodoxa russa, que na época detinha enorme poder e era parte integrante do Estado e do regime autocrático. O autor, na época, fez duras críticas à igreja, sustentando que as igrejas cristãs seriam corruptas, e destoariam do verdadeiro cristianismo, e acabou por ser excomungado no ano de 1901. O livro só foi publicado oficialmente na Rússia em 1906, quatro anos antes de sua morte. 

A Lídia iniciou os comentários, com um preciso resumo do livro que transcrevo a seguir:

“O livro é do início ao fim uma reflexão de caráter filosófico – o sentido da vida – e religiosos, na medida em que questiona as ações da conduta cristã, quando busca a fé.  Tolstói não via sentido na vida, o que o fez pensar em suicidar-se.  A busca de uma resposta o levou a diferentes caminhos, até que, por fim, encontrou a fé, que lhe proporcionou uma nova maneira de enxergar a existência. Primeiro, buscou respostas para as questões da vida na ciência, na filosofia, na arte, sem êxito.  Encontrou a resosta no povo simples da Rússia que mesmo sob duras condições, reagia aos sofrimentos da vida com devoção a Deus.  Daí concluiu que nem todos os saberes humanos juntos são capazes de desvendar a complexidade da fé.  Os mais simples, contuso, tem livre acesso a ela.  É uma lição de humildade à igreja de hoje, que, ao invés de debates estéreis, deveria simplesmente praticar a fé no dia a dia.  E assim conclui Tolstói, a respeito da fé: 

“O saber racional dos sábios e cultos nega o sentido da vida, enquanto a enorme massa de pessoas, a humanidade inteira, reconhece esse sentido num saber irracional.  E esse saber irracional é a fé, a mesma que eu não podia aceitar.” 

“A fé, que oferece possibilidade de viver.  Só ela oferece à humanidade respostas para a questão da vida e em consequência, a possibilidade de viver.”  

O debate foi bem profundo, falou-se das quatro saídas apontadas por Tolstói para entender a existência (ignorância, epicurismo, suicídio ou fraqueza).  A leitura instigou um questionamento religiosos, foi descrito o Pai Nosso celta, e seu significado, foi comentada a maldade no mundo e a bondade. Tiramos muitas fotos.  

A seguir, passou-se ao jantar: peixes, risotos, spaghetti, carne, e vinho branco. 

Por fim, foi escolhido o livro “Pacto das Águas”, de Abraham Verghese e marcada a reunião para o dia 31/07, uma quarta-feira.  

Beijo às amigas, e até lá, Titina.

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Em Agosto nos Vemos - Gabriel Garcia Marques



Ata de nossa reunião de 23 de abril de 2024

Hora: 19h 

Lugar: Restaurante Benjamin Osteria Moderna, Edifício João Benjamin Zaffari, na Av. Carlos Gomes, 400 - Térreo

Livro “Em Agosto Nos Vemos”, livro póstumo de Gabriel Garcia Marques, falecido em 2014, organizado pelos seus filhos, Rodrigo e Gonzalo. O romance foi lançado recentemente, no dia 06 de março, data em que o escritor completaria 97 anos.

Na reunião de março ficou marcada essa reunião para o dia 23/04 no Bodega Maria. Ao longo do mês de abril, contudo, a Suzana, considerando que a reunião seria no dia de seu aniversário, convidou todas as integrantes do Clube para jantar no Restaurante Benjamin, o que foi aceito com muita alegria por todas.

Compareceram ao encontro 10 (dez) integrantes do clube: Cleo, Denise, Evelyn, Karen, Karin, Lídia, Lise, Malu, Suzana e Titina. 

Tratando-se o escritor de Gabriel Garcia Marques, colombiano, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, difusor do realismo mágico, e bastante conhecido por todas, não fiz a tradicional apresentação, por se mostrar desnecessária.

A Lídia iniciou os comentários, referindo de início que o autor fez 5 versões do livro, no período de 2003 a 2004, deu seu aceite para a última, mas disse certa vez que gostaria de ver o texto queimado, demonstrando que não era do seu agrado.  O amor é o eixo do livro.  A personagem principal, Ana Magdalena, é uma mulher, o que é inédito para os textos de Gabo, mãe de dois filhos, casada há muitos anos, que vive um relacionamento morno e longo com seu marido, um músico.  Ela não é identificada de início, mas ao longo da narrativa.  Ana Magdalena faz idas e vindas anuais a uma ilha caribenha, sempre no dia 16 de agosto, para levar gladíolos (Palma de Santa Rita) para o túmulo de sua mãe.  Aos 46 anos, o seu roteiro na ilha sofre uma mudança marcante: ela se relaciona com um homem em uma noite de aventura. E, a partir de então, nessas viagens, começa a ter encontros sexuais com homens que encontra na ilha, depois de visitar o túmulo de sua mãe. Na última visita narrada no livro, contudo, ela toma conhecimento de um lado da vida de sua mãe que desconhecia por completo.  Na visita ao túmulo, encontra flores murchas cobrindo-o.  Surpresa, fala com o zelador, que afirma terem sido colocadas pelo “senhor de sempre”. Esse visitante, que chegava em qualquer dia do ano deixava o túmulo coberto de flores.  Com essa informação do zelador Ana Magdalena descobre os segredos das frequentes viagens da mãe a ilha nos seus últimos seis anos de vida, sob o pretexto de cuidar de um negócio próprio.  Conclui que a razão de sua mãe poderia ser a sua razão, espantando-se com a coincidência.  Era a sua vida dando continuidade a de sua mãe morta. Em apertada síntese, esse o livro.  A diferença é que a mãe da personagem teria mantido, é de se concluir, um relacionamento amoroso com esse senhor, enquanto que a filha tinha encontros meramente sexuais, com variados parceiros, sem envolvimento emocional.

No geral, o livro não foi muito apreciado pelas integrantes do Clube. E, de fato, embora agradável, a leitura não impressiona. A narrativa agradou, a forma da escrita, irretocável, mas a personagem não teve a sua personalidade aprofundada, não se consegue saber como ela era, seus gostos e hábitos, apenas superficialmente descritos.  Não está no nível das grandes obras do autor. O final do romance foi questionado, por não haver uma explicação lógica para a personagem tirar as cinzas de sua mãe da ilha, contrariando o pedido por ela feito antes de morrer.   Gabriel Garcia Marques não queria publicar o livro, talvez consciente de que não estivesse a altura de suas demais obras, mas seus filhos, após a sua morte, o fizeram.

Foi comentada a briga de Gabriel Garcia Marques e Mario Vargas Llosa, dois expoentes da literatura da América do Sul, ambos ganhadores do Prêmio Nobel.  Eram amigos, desde 1967, mas brigaram em 1976, no México, quando Vargas Llosa deu um soco no rosto de seu então amigo na frente de testemunhas. Uma das explicações cogitadas para a agressão seria a de que no período em que os dois casais viviam em Paris, García Márquez e sua mulher teriam tentado mediar os distúrbios conjugais entre Vargas Llosa e sua esposa, Patricia, ouvindo suas confidências.  Embora o  motivo da briga nunca tenha sido esclarecido, e os escritores tenham sido sempre reservados a respeito, há indícios de que decorresse de ciúmes de Vargas Llosa, que segundo fontes, teria dito a Gabriel, quando do confronto,  "isso é pelo que você disse a Patricia" ou "isso é pelo que você fez a Patricia".  Os autores nunca se reconciliaram, embora se elogiassem publicamente, e lessem os livros um do outro. Após a morte de García Márquez, Vargas Llosa falou à emissora de TV peruana Canal N. “Morreu um grande escritor cujas obras deram grande difusão e prestígio à literatura de nossa língua. Seus livros o sobreviverão, continuarão a ganhar leitores. Envio meus pêsames a sua família",

Enquanto debatíamos, comemos um couvert, de pãezinhos com pastas. Fizemos os pedidos, sendo que oito integrantes pediram brizolis de camarão, que estava muito bom! Tomamos vinho branco e, de sobremesa, bolo de amêndoas. Tudo delicioso.  E, embora a ideia fosse liberar a aniversariante do pagamento, resultou que ela insistiu que fazia o convite a todas, assumindo a despesa.  Foi um ótimo jantar de aniversário!  As integrantes do Clube agradeceram muito nossa gentil aniversariante anfitriã.

Tiramos muitas fotos, que ficaram lindas!  Em especial pela assessoria técnica da Malu, que orientou quanto à luz, fundo, profundidade.

Por fim, foi escolhido o livro “Uma Confissão”, de Tolstói e marcada a reunião para o dia 28/05, uma terça-feira.

Nesse ínterim, contudo, na primeira semana de maio, a cidade e o Estado do Rio Grande do Sul sofreram uma enchente de imensas proporções, que causou muitas mortes e destruição, desalojou milhares de gaúchos, derrubou estradas e pontes, alagou o aeroporto, que foi fechado por meses (ainda não se sabe até quando) o que acabou por acarretar o adiamento da reunião, cuja nova data ainda não foi marcada.  O livro, informam as que já o leram ou iniciaram a leitura, embora pequeno é muito pesado, e as integrantes do Clube não estão com disposição, ainda, de enfrentar leituras tão densas, dados os problemas que vem enfrentando ou presenciando em razão da enchente, as atividades benemerentes em que estão se envolvendo, a falta inicial de luz, por alguns dias e de água, em bairros centrais por semanas.  Tudo atingiu o ânimo das leitoras, então o adiamento proposto pela nossa Presidente foi acatado quase que unanimemente.

Assim sendo, vamos aguardar dias melhores e as diretrizes de nossa presidente para então marcar nossa próxima reunião.

Beijo às amigas, cuidem-se, e até lá, Titina.

terça-feira, 23 de abril de 2024

2024 - Reunião Inaugural


 Ata de nossa reunião de 26 de março de 2024

Hora: 19h 

Lugar: Restaurante Xavier, Rua Auxiliadora, 203


Reunião inicial do ano, destinada aos comentários dos livros lidos no verão.

Nosso encontro se deu em uma sala reservada no Restaurante Xavier, no segundo andar,  especializado em comida espanhola.

Compareceram ao encontro 9 (nove) integrantes do clube: Cleo, Denise, Evelyn, Karin, Lídia, Lise, Malu, Suzana e Titina. Como sempre, as ausências foram lamentadas.

Iniciou-se a reunião com conversas das amigas sobre assuntos gerais, sobre as chuvas e temporais de verão, o vendaval que assolou a cidade, o fato de  o ano ter começado de verdade, etc. 

Fizemos os pedidos, inclusive para a Karin, que veio do aeroporto, chegando dos Estados Unidos diretamente para a nossa reunião. 

Prosseguiu-se com assuntos da sociedade, a Karin contou sobre a mala de vinhos que traziam dos Estados Unidos, extraviada na volta da viagem.  Todas concordaram que pior seria se extraviada a mala pessoal da Karin, com lenços chiques, roupas maravilhosas, e mesmo a própria mala.  Seria mais preocupante.

Não se falou muito de literatura, alguns poucos e esparsos comentários sobre as leituras das férias.  Foram contadas notícias de chiques e famosos, falou-se de saúde, de doença, foi uma reunião bem desorganizada, que a nossa Presidente não conseguiu controlar.  Pode-se atribuir essa desorganização à saudade que as amigas tinham umas das outras.  O resultado foi que não tiramos a foto tradicional. 

Jantamos camarões e polvos, acompanhados de vinho Chardonnay, dividindo a sobremesa, crema catalana, entre todas. Tudo delicioso.

Por fim, foi escolhido o livro “Em Agosto Nos Vemos”, recém lançado, livro póstumo de Gabriel Garcia Marques, organizado pelos seus filhos. e foi marcada a nossa próxima reunião para o dia 23/04 no Bodega Maria.

Depois, ao longo do mês de abril, a Suzana, considerando que a reunião seria no dia de seu aniversário, convidou todas as integrantes do Clube para jantar no sábado Restaurante Benjamin no dia 23 de abril, convite que foi aceito com muita alegria por todas.

Beijo às amigas e até lá, Titina.